PF abre inquérito para apurar crime ambiental na Baía da Ilha Grande

O Globo, Economia, p. 32 - 21/12/2011
PF abre inquérito para apurar crime ambiental na Baía da Ilha Grande
Após vistoria, Marinha descarta violação de normas internacionais

Mariana Durão
mariana.durao@oglobo.com.br

Depois da Marinha, a Polícia Federal abrirá hoje inquérito criminal para apurar o vazamento de óleo do navio-plataforma da Modec, ocorrido na sexta-feira passada na Baía da Ilha Grande, no Rio. Segundo o delegado federal Fábio Scliar, a empresa pode ser enquadrada pelo crime de poluição por lançamento de óleo, com pena de um a cinco anos de prisão. Ontem, agentes federais e oficiais da Marinha passaram o dia vistoriando a embarcação. Responsável por apurar as causas do acidente, a Marinha coletou amostras de óleo de tanques do FPSO Cidade de São Paulo, verificou sua documentação e equipamentos, mas não deu informações conclusivas.
Após a vistoria, a Capitania dos Portos descartou violações da Modec às normas internacionais e brasileiras na troca da água de lastro do navio - que deve ser feita em alto-mar - bem como na retirada de lastro para atracação no estaleiro Brasfels. O procedimento vem sendo questionado pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.
- A água "deslastrada" na baía já não tinha vetores biológicos que preocupem - disse o Capitão dos Portos do Rio, Walter Bombarda.
Inea emitirá multa até o fim da semana
Para Minc, entretanto, a retirada de água de lastro na Baía da Ilha Grande pode ter levado organismos invasores, ameaçando seu ecossistema. Ele afirma que isso pode agravar a multa por poluição em unidade de conservação estadual, a APA Cairuçu, a ser aplicada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea):
- Mesmo que a gente não possa comprovar que a água estava contaminada há um risco presumido no procedimento.
Hoje, o Inea receberá o laudo ambiental de seus técnicos em Angra. Ele embasará o auto de infração e a multa, que não passará de R$10 milhões. O inquérito da Marinha, que pode gerar multa de até R$50 milhões, tem prazo de 90 dias. Já o criminal tem 30 dias para ser concluído. A partir de amanhã, serão ouvidos tripulantes do navio e da Hidroclean, que presta serviços à Modec. A PF apura se houve falha humana ou do equipamento.
Para o representante da Modec, André Cordeiro, a investigação reduziu as chances de ter havido erro humano, mas ele não está descartado. Ontem, a empresa foi notificada a prestar informações ao Ibama.

O Globo, 21/12/2011, Economia, p. 32
Energia:Petróleo

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