A discussão e redação de projetos conservacionistas para a Amazônia Meridional - região situada entre os limites dos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia - foi o tema central da terceira reunião do Conselho Consultivo do Mosaico da Amazônia Meridional, ocorrida há algumas semanas em Cuiabá (MT) e que contou com o apoio do WWF-Brasil. Os projetos serão concluídos ainda este mês e apresentados a possíveis financiadores já em novembro.
Na ocasião, 22 atores sociais - entre gestores de Unidades de Conservação, empresários, madeireiros, lideranças indígenas, representantes de organizações não governamentais e membros de associações extrativistas - discutiram e redigiram projetos para atuação naquela região, conhecida mundialmente como "Arco do Desmatamento" por conta dos inúmeros problemas ambientais ali existentes como grilagem, garimpo e queimadas.
O encontro durou dois dias e foi marcado por discussões acerca do teor dos projetos. Os participantes decidiram concentrar esforços em duas frentes: uma que busca a melhorar a gestão, o monitoramento e a comunicação do Conselho do Mosaico da Amazônia Meridional; e outra que tem como objetivo fazer uso sustentável de recursos naturais, buscando a geração de renda em comunidades extrativistas da região.
Vários assuntos foram tema de discussão: as ações que serão desenvolvidas, os equipamentos e recursos humanos necessários, possíveis orçamentos e custos, além de outros tópicos mais específicos, relacionados à redação de projetos, como objetivos e justificativas. Houve ainda momentos de reflexão sobre as instituições que atuarão como proponentes neste trabalho e em que instâncias os projetos serão apresentados para captação de recursos.
"Reunião foi um marco"
O encontro dos conselheiros terminou sem que os projetos fossem finalizados. O trabalho de consolidar as propostas está sendo feito por grupos menores, definidos na ocasião, que terminarão esta etapa por meio de conversas e reuniões remotas, via e-mails e telefones. O prazo acordado entre os participantes foi de que, em 31 de outubro, os dois projetos estejam prontos.
Para o presidente do conselho, Izac Theobald, esta terceira reunião "foi um marco" na história das conversas que vem sendo feitas desde 2006 quando, pela primeira vez, se cogitou a criação do Mosaico da Amazônia Meridional.
"Desta vez, nos encontramos para discutir projetos. Então trouxemos à tona assuntos pendentes, estabelecemos prioridades e linhas de ação. Passamos da fase de debater assuntos e agora vamos entrar na fase de agir e trabalhar, coletivamente, de forma mais concreta", explicou Theobald - que lembrou ainda que várias ações conjuntas, como fiscalização e sinalização de Unidades de Conservação, já vem sendo feitas de forma colaborativa na região.
Para o analista de conservação do WWF-Brasil, Samuel Tararan, a elaboração de projetos e captação de recursos atende a uma demanda já identificada no planejamento estratégico do Mosaico da Amazônia Meridional. "Entendemos que a sustentabilidade financeira fornecerá segurança para a continuidade de nossas ações nos próximos anos, como as reuniões dos conselhos e atividades que já desenvolvemos, de forma estratégica, em conjunto", afirmou.
O que é o Mosaico da Amazônia Meridional?
No dia 25 de agosto de 2011, o Governo Federal reconheceu, após discussões e conversas que tiveram início em 2006, o Mosaico da Amazônia Meridional. Com uma extensão de 7 milhões de hectares e 40 unidades de conservação reunidas, este mosaico abrange áreas protegidas do sul do Amazonas, norte e noroeste do Mato Grosso e oeste de Rondônia.
O objetivo final de um mosaico de áreas protegidas é viabilizar o trabalho conjunto entre uma série de Unidades de Conservação que compartilham características comuns, como localização geográfica próxima, enfrentamento de problemas similares e atores sociais que se conhecem e já interagem juntos em outras instâncias.
No caso da Amazônia Meridional, o propósito maior é evitar que as pressões ambientais vindas principalmente do estado do Mato Grosso e do sudoeste do Pará - pecuária extensiva, exploração de madeira ilegal, garimpo dentro de Unidades de Conservação, presença mínima do poder público, entre outros - possam "subir" para o Norte do Brasil.
Por meio do mosaico, os gerentes das unidades de conservação e entes públicos como secretarias estaduais de Meio Ambiente, em conjunto com o governo federal, podem partilhar recursos e efetuar planejamentos em conjunto, otimizando a gestão do território.
http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?33003
Amazônia:Geral
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