Na última semana, nos dias 08 e 09 de abril, aconteceu na cidade de Miravânia, norte de Minas Gerais, a 20ª reunião do Conselho Consultivo do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MSVP). O encontro reuniu 40 representantes de ONGs, associações comunitárias, cooperativas agroextrativistas e governos para debater o compartilhamento de ações da gestão das áreas protegidas da região e avaliar seu, lideranças indígenas desenvolvimento sustentável. Questões referentes à implementação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e a instalação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) foram alguns temas de pauta.
O WWF-Brasil foi representado pelo analista de conservação, Kolbe Soares, que apresentou os resultados prévios do estudo da avaliação de efetividade de quatro Mosaicos de Unidades de Conservação, dentre eles o Sertão Veredas Peruaçu. A iniciativa foi desenvolvida pela organização e tratou de traçar um diagnóstico sobre os avanços e lacunas apresentados pelos Mosaicos nos últimos anos, considerando os âmbitos de governança, gestão, sociodiversidade e biodiversidade. A expectativa é lançar a publicação em setembro durante o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC).
Na reunião foi discutida a integração e parceria das organizações atuantes na região. Neste sentido, o Centro de Agricultura Alternativa, o Instituto Biotrópicos, o Instituto Rosa e Sertão, a Fundação Pró-Natureza (Funatura), a Cáritas, o WWF-Brasil, dentre outras entidades falaram dos diversos projetos em execução, comprometendo-se a integrar as ações que têm metas semelhantes, considerando as já em desenvolvimento.
Kolbe Soareas contou que as organizações que atuam no território têm implementado iniciativas em favor da necessidade desta população. "Tecnologias sociais de acesso a água, restauração florestal e assistência técnica para o extrativismo de frutos nativos do Cerrado são as principais demandas das comunidades. Seguindo este anseio que temos que olhar o que e como pretendemos trabalhar de modo a alinhar e compartilhar as ações gerando resultados mais eficazes", afirmou.
Outro tema discutido na ocasião foi a participação na reunião anual da Rede Iberoamericana de Bosques Modelo, realizada no mês de março em Cuba. Neste evento, mais de 40 representantes de governo e de organizações da sociedade civil de 14 países trocaram experiências sobre os desafios enfrentados por estes territórios com vistas à gestão dos ecossistemas florestais e das necessidades sociais e econômicas das comunidades locais.
O Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, que é reconhecido como Bosque Modelo desde 2013, esteve representado na Conferência por Kolbe Soares. Segundo ele "a reunião foi bastante rica pois possibilitou o intercâmbio de conhecimento entre uma ampla gama de setores da América Latina, refletindo sobre questões de conservação ambiental, socioeconômicas do ponto de vista das necessidades locais, restauração florestal e a garantia de sustentabilidade".
Também estava na pauta a formação de um Grupo de Trabalho (GT) para acompanhar a execução do Cadastro Ambiental Rural no território do Mosaico. As entidades eleitas para compor o GT - o WWF-Brasil, Associação Aprovale, Fundação Pró-Natureza (Funatura), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Prefeitura de Miravânia e de Januária - têm como compromisso auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. O CAR consiste no levantamento de informações georreferenciadas do imóvel rural, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do cálculo de áreas degradadas, contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental, pelos governos estaduais e federal.
WWF-Brasil lança publicações do Cerrado
Ainda durante a reunião, o WWF-Brasil lançou três estudos: "Manual de Metodologias Participativas, Elaboração e Gestão de Projetos"; "Agricultores que cultivam árvores no Cerrado"; e "Descobrindo os Mamíferos: um guia para iniciante, sendo este último produzido pelo Instituto Biotrópicos.
O "Manual de Metodologias Participativas, Elaboração e Gestão de Projetos" retrata o conteúdo teórico aplicado em um curso promovido pela ONG em agosto de 2014, com o intuito de aumentar as capacidades de planejamento e identificação de oportunidades, elaboração e gestão de projetos e o aprimoramento de metodologias de construção e atuação participativa. Este material serve como memória da realização do referido curso e uma referência para a elaboração e gestão de projetos socioambientais tendo como princípio a participação e o envolvimento social.
Na sequência, foi a vez do lançamento do livro "Agricultores que cultivam árvores do Cerrado", que busca prospectar, registrar e divulgar técnicas de cultivo de árvores nativas do Cerrado, desenvolvidas ou reaplicadas de modo inovador por agricultores. Esta publicação foi construída em parceria com o Instituto Sociedade, População e Natureza e Embrapa.
Por fim, o Instituto Biotrópicos lançou o guia para iniciantes "Descobrindo os Mamíferos", que teve apoio do WWF-Brasil e traz a verificação de que a cada 10 mamíferos de médio e grande porte 8 estão presentes na região, o que quer dizer que 80% dos mamíferos do Cerrado estão representados no território.
De acordo com Guilherme Ferreira, do Instituto Biotrópicos, "este é o primeiro passo para mostrar à população que as espécies consideradas raras estão próximas às casas delas, motivando um olhar diferenciado, de valorização, para o bioma". Entretanto, Guilherme chama a atenção para a necessidade de proteção da biodiversidade, pois "se a natureza continuar a ser degradada em poucos anos, muitas dessas espécies que já se encontram com número reduzido de indivíduos poderão desaparecer".
WWF-Brasil no MSVP
Desde 2010, o WWF-Brasil, por meio do Programa Cerrado Pantanal, desenvolve na região o Projeto Sertões. Em sua primeira fase (2010-2014), as ações do projeto foram focadas, principalmente, no incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA´s); à implementação e gestão integrada das unidades de conservação; à comunicação, visando a valorização e o resgate do Cerrado e o planejamento territorial, que visa o planejamento sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase do Projeto Sertões (2014/2018) prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o fortalecimento do apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado.
http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?45222
Desenvolvimento Sustentável
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