Amazônia em Chamas 20: "Tudo que vai queimar está pela frente", diz Setzer sobre a temporada do fogo

Amazônia Real - http://amazoniareal.com.br/ - 07/08/2020
Manaus (AM) e Rio Branco (AC) - No dia 19 de agosto completará um ano em que o Brasil viu, assustado, uma enorme fumaça das queimadas da Floresta Amazônica pairar pela atmosfera de São Paulo. Em 2019, o monitoramento por satélite realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 89.176 focos ativos de calor no bioma. Cobrado internacionalmente para impedir o avanço da destruição da floresta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), autorizou o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Os militares combateram 1.835 focos de incêndios na Amazônia numa operação que custou aos cofres públicos R$ 123,3 milhões. A GLO foi prorrogada por Bolsonaro até 6 de novembro de 2020, mas os principais responsáveis pelo fogo - os fazendeiros do agronegócio, os grileiros, os garimpeiros e madeireiros ilegais -, continuam impunes, queimando a floresta sob o aval do Ministério do Meio Ambiente, chefiado pelo ministro Ricardo Salles.

Coincidentemente, o aumento das queimadas na Amazônia neste ano, aconteceu na mesma semana em que Bolsonaro decretou a proibição da queima de floresta para a agropecuária por 120 dias. A medida não fala em punição para quem desobedecer a ordem. O decreto 10.420 foi publicado no dia 16 de julho de 2020 no Diário Oficial da União.

A chamada "temporada do fogo" ou "temporada de queimadas" começa a ficar mais intensa no mês de agosto, que é quando a região amazônica está na estação da seca e acontece a vazante dos rios ou descida das águas. São os meses com diminuição de chuva na região ou estiagem, potencializando as queimadas e os incêndios florestais, a maioria deles provocado por produtores rurais e invasores de terras públicas.

De 1o de janeiro a 8 de agosto deste ano, o Inpe detectou 34.393 focos de queimadas na Amazônia, um aumento de 1% em relação ao mesmo período de 2019, que foi de 33.999 focos neste período. Mas quando são comparados os índices de queimadas nestes períodos por estados da região, é possível identificar a dimensão do alcance das queimadas. O Pará teve alta de 73%; o Amazonas, de 48% e o Mato Grosso e o Maranhão, de 8%, cada.

Frente a um cenário que aponta um crescimento das queimadas em agosto e no próximo mês de setembro, o coordenador de monitoramento de queimadas do Inpe, pesquisador Alberto Setzer, alerta que o período de queimadas na Amazônia está apenas começando. Para ele, pode ocorrer um evolução dos focos se as autoridades públicas não tomarem medidas de diminuição do fogo.

"O maior número de detecções de queimadas ocorre em agosto, setembro e outubro. Estamos ainda numa situação muito antes do que se possa vir a acontecer. De 70% a 80% de tudo que vai queimar está pela frente. Ainda não sabemos o que pode acontecer. Não sabemos como a situação vai evoluir", disse o especialista à Amazônia Real.

No início da semana passada, o Inpe identificou nuvens de até 100 quilômetros de extensão em áreas dos municípios de Altamira e Jacareacanga, no Pará, ao longo da BR-163. "Para se gerar uma nuvem de fumaça tão densa, não é apenas uma queimada de pastagem ou uma roça. Tem que ser de muita matéria orgânica e floresta", explicou Setzer.

Outro município do Pará crítico durante o período das queimadas - Novo Progresso - já apresenta grandes focos neste período. No temporada do fogo de 2019, a região ficou conhecida internacionalmente quando fazendeiros e madeireiros organizaram, em dia 10 de agosto, o Dia do Fogo. Um ano depois, ninguém foi preso por atear combustível nas florestas.

"Está ocorrendo uma extensa queimada e um grande desmate no sul do Pará, na região de Novo Progresso. Os números são grandes e vistos por satélites que estão muito distantes, que só pegam situações mais intensas. Isso mostra que é um evento muito grande", destacou Alberto Setzer sobre o que acontece neste mês de agosto na região.

Na última sexta-feira (7), a agência Amazônia Real realizou, pela primeira vez em sete anos de atividades, um sobrevoo particular em áreas de desmatamentos em queimadas na região amazônica. Em Rondônia, nos limites da Floresta Nacional do Jacundá, a meia hora de voo de Porto Velho, o fotógrafo Bruno Kelly registrou o fogo em áreas de desmates. Em 2019, o Exército montou a base da Operação Verde Brasil junto a uma estrutura da empresa Madeflona que tem a concessão florestal na Flona de Jacundá. Veja o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=oB0cNl45qqA

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