Desafio do Espinhaço

CB, Turismo, p. 4 - 20/09/2006
Desafio do Espinhaço

Equipe de montanhistas percorrerá dois mil quilômetros, de Minas até a Chapada Diamantina, para pesquisar a diversidade da fauna e da flora. Região favorece a prática de esportes ligados ao ecoturismo. Enquanto isso, em Brasília, Embratur lança, numa parceria com ONGs, mapa da estrada colonial

O mesmo encantamento que as caminhantes da Estrada Real encontraram na última aventura ao se depararem com flores de rara beleza em várias regiões de Minas está sendo experimentado neste momento pelos integrantes da expedição Desafio do Espinhaço. Até o próximo dia 23, uma equipe formada pelos montanhistas, Herbert Pardini, Marcelo André, Marcelo Vasconcelos, Paulo Fiote e Bruno Costa, irá percorrer metade dos mil quilômetros de extensão deste complexo de montanhas, que vai da região central de Minas até a Chapada da Diamantina, na Bahia, registrando a fauna e flora.

Depois de percorrido parte do trecho, já são inúmeras as surpresas encontradas nesta região, considerada pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco), como reserva da biosfera. A predominância de arnicas em alguns trechos, uma espécie de Gervão com flores azuis e folhas aveludadas, orquídeas endêmicas (aquelas que só aparecem na região), além de uma espécie de Manacá-da-serra foram registradas pelos aventureiros e deverão ilustrar as páginas de um livro e uma exposição. Em razão do alto nível de dificuldades, como caminhos irregulares, baixas temperaturas à noite, presença de animais peçonhentos e matas fechadas, o privilégio de encontrar algumas das flores não é para a maioria dos turistas. Muito pelo contrário.

Planejada nos últimos oito anos, a expedição pretende divulgar a diversidade da fauna e flora para alertar sobre a importância da preservação desta vegetação. Divisor natural da Mata Atlântica e do cerrado, dois dos mais ameaçados ecossistemas do planeta, e mais ao norte da caatinga, o Espinhaço concentra grandes áreas de vulnerabilidade; "A mineração, o fogo, a construção de condomínios e a retirada de plantas para venda e para fabricação de artesanato tem sido uma séria ameaça. É fundamental preservá-las. Primeiro pela variedade e também porque há algumas que ainda não conhecemos", explica a bióloga Sylvia Therese Meyer.

O biólogo Marcelo Vasconcelos, um dos integrantes da expedição, conta que, em vales profundos que separam algumas montanhas, eles encontraram inúmeras espécies endêmicas;"Como não se cruzam geneticamente com outras plantas, ao longo de anos, isso causa diferenciações e gera novas espécies. Por isso, a riqueza destes lugares isolados", explica. De acordo com o biólogo, se uma serra destas for destruída por uma mineração ou por incêndios, corre-se o risco de extinguir uma destas plantas no mundo inteiro.

Na visão dele, a vegetação encontrada no percurso poderá ter várias utilidades ao homem. Além de servir de atração para o turismo de contemplação, poderá se tentar a reprodução em laboratórios e, mais adiante, ser utilizada na ornamentação: "O potencial é gigantesco. Ao invés de usarmos flores típicas da Europa, num futuro próximo, poderíamos enfeitar nossas casas com espécies locais", sugere. (SRR)

CB, 20/09/2006, Turismo, p. 4
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