Projeto de porto internacional ameaça unidades de conservação e turismo no sul da Bahia

Instituto Floresta Viva - 16/04/2008
Desde que o governo da Bahia anunciou, em janeiro deste ano, um novo porto internacional na costa entre Ilhéus e Itacaré, a sociedade civil em Ilhéus debate intensamente, sem a atenção da mídia brasileira e internacional. Denominado Porto Sul, o projeto contempla recursos de R$ 4 bilhões e, segundo o anúncio oficial, envolve aeroporto internacional, ferrovia Oeste Leste, mineroduto, retroporto, e, potencialmente, uma nova zona industrial - liderada por uma eventual siderurgia. A motivação maior: o escoamento do minério de ferro de Caetité ao Sul da Bahia, fruto de parceria público-privada com a Bahia Mineração Ltda. Caetité é conhecida na Bahia pela produção de urânio.

O Diário Oficial do dia 19 de março anunciou a abertura de 10 mil empregos. Em 4 de janeiro, o governo criou um GT entre as secretarias do governo para gerar um estudo preliminar, capaz de selecionar áreas potenciais para a construção do porto. A primeira apresentação dos estudos, há um mês, indicou que a melhor área fica a 20 Km da cidade de Ilhéus, ao lado de uma imensa lagoa natural, conhecida como Lagoa Encantada. O mirante de Serra Grande seria impactado pela nova imagem, com um porto em alto mar e grandes navios ao seu lado.

O Sul da Bahia possui extensas praias ainda preservadas, conhecidas como as mais bonitas do Brasil. Itacaré é um dos destinos mais citados pela mídia especializada desde que a rodovia, em 1998, a ligou a Ilhéus, 65 Km ao sul. Conhecida como estrada-parque e construída com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, ela passa por áreas de proteção ambiental. O Ministério do Meio Ambiente elegeu esta região como área prioritária para implementar corredores ecológicos, já tendo investido no Parque Estadual da Serra do Conduru para a elaboração do Plano de Manejo, com recursos do Banco Mundial. A APA de Itacaré Serra Grande hospeda florestas com altíssima diversidade de árvores lenhosas, record mundial detectado pelo New York Botanical Garden e a CEPLAC, órgão de cacau do Sul da Bahia. Além de árvores, a região hospeda muitas espécies ameaçadas de extinção, como o macaco prego de peito amarelo (Cebus xanthosternos), mutum do nordeste (Mitu mitu mitu) e a preguiça de coleira (Bradypus torquatus).

O receio dos ambientalistas é de que as áreas protegidas e a economia do turismo possam ser comprometidos pela nova lógica de povoamento da costa - o que inclui imensa área de beneficiamento de minério de ferro, similar ao que ocorre na Grande Vitória, propagando fuligem mineral em um raio de 30 Km. O mais grave: sem estudo de impacto ambiental, o governo decretou como utilidade pública área de 1.780 hectares para mineroduto, retroporto e aeroporto internacional, em plena Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada, ao lado de povoados de pescadores artesanais, a exemplo da Ponta da Tulha.

Para mais informações, acesse www.institutoflorestaviva.org.br
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