Uma nova forma de praticar a pesca comercial foi testada na Reserva Extrativista (Resex) do Lago de Cuniã, em Rondônia. Em conjunto com analistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a comunidade de pescadores conciliou o conhecimento tradicional com os dados científicos e elaborou normas e técnicas de manejo que garantem a exploração sustentável do pescado nos mais de 60 lagos do rio Cuniã.
A experiência foi sistematizada na proposta de Acordo de Pesca da Resex, durante uma reunião no mês passado em que os analistas do Instituto e os representantes da comunidade pesqueira do Lago Cuniã elaboraram uma minuta e a encaminharam à direção do ICMBio e do Ibama para aprovação.
De acordo com o documento, a idéia é adotar a técnica da contagem, importada das experiências de manejo desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no Amazonas, para controlar a população de peixes e evitar o desaparecimento das espécies. Entre outras ações, o acordo prevê a determinação de cota anual, período e local em que a pesca das espécies mais consumidas e comercializadas pela comunidade poderá ser praticada.
Enquanto aguardam a aprovação do acordo, os técnicos do Instituto e a comunidade do Lago de Cuniã continuam atuando na aplicação do plano de manejo. Atualmente, eles estão na fase de identificação e seleção dos lagos que serão abertos à pescaria e os que terão a pesca proibida pelo fato de serem berçário e local de reprodução de várias espécies.
Com isso, peixes, como o pirarucu, o tambaqui, o tucunaré, a jatuarana, a piranha dourada e a aruanã, típicos da região, poderão ser preservados e, ao mesmo tempo, consumidos sem que sejam ameaçados de extinção, como ocorreu, há alguns anos, com o pirarucu - um dos maiores peixes de água doce do mundo, que chega a medir, na fase adulta, mais de três metros.
Se as novas normas e técnicas forem aprovadass, a comunidade do Lago de Cuniã será a primeira a instituir a regulamentação e a elaborar um acordo de pesca em Rondônia. A comunidade baseou-se nos dados científicos coletados durante a elaboração do Diagnóstico da Pesca na Resex Cuniã, ocorrida entre janeiro e agosto deste ano, para elaboração do acordo.
O estudo contou com a participação da Universidade Federal de Rondônia (Unir), das ONGs Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) e WWF-Brasil, bem como da Colônia de Pescadores de Porto Velho e da Gestão Integrada Cuniã-Jacundá, do ICMBio. Embora explorem a agricultura familiar, a maioria das cem famílias que formam a comunidade do Lago de Cuniã vive da pesca tanto para consumo próprio como para fins comerciais.
UC:Reserva Extrativista
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