FSP, Cotidiano, p. C8-C9 - 19/09/2010
Pedra do Baú vai virar "monumento"
Projeto será discutido em audiência pública no dia 14 de outubro, em São Bento do Sapucaí, onde fica a rocha
Local seria o segundo monumento natural de SP; o primeiro, criado em março, é a Pedra Grande, na Cantareira
José Benedito da Silva
Enviado especial a São Bento do Sapucaí
Inspiração de lendas, paraíso ecológico, meca do esporte radical e uma escultura de granito vista por 52 cidades, a Pedra do Baú -o "velho titã de pedra erguido na montanha", como definiu o escritor Plínio Salgado- deve virar monumento natural.
Imponente maciço rochoso, cujo topo está a 1.950 metros de altitude num dos pontos mais altos da serra da Mantiqueira, a pedra pode ganhar, com a nova classificação, mais preservação e mais infraestrutura turística. O governo de SP leva a audiência pública no dia 14 de outubro, em São Bento do Sapucaí (onde fica a rocha), a projeto de criar o Monumento Natural da Pedra do Baú.
A área, equivalente a 20 parques do Ibirapuera, inclui ainda duas pedras menores -a do Bauzinho (1.760 m) e a Ana Chata (1.670 m).
Monumento natural é um dos tipos de unidade de conservação de proteção integral definidos por lei federal em 2000. Tem o mesmo status de preservação dos parques, das estações ecológicas e das reservas biológicas. Hoje, a pedra fica dentro de uma APA (Área de Proteção Ambiental), uma unidade de conservação "mais light", que permite o uso sustentável e dá maior autonomia aos proprietários rurais.
Já o monumento natural pode ter desapropriações. Segundo a Fundação Florestal, do governo de SP, se o proprietário não concordar com o plano de manejo -espécie de plano diretor-, terá o imóvel desapropriado. "Não acho que acontecerá.
Os proprietários estão conscientes da necessidade de preservação. Muitos já participam de movimentos nesse sentido", diz Marcia Azeredo, secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico, que faz encontros preparatórios para a audiência.
Referência turística também para a vizinha Campos do Jordão, o complexo hoje é mantido por voluntários: montanhistas, entidades civis e empresários.
"No caso da prefeitura, nunca foi possível uma intervenção muito grande. Todo o entorno é de propriedades particulares", diz Azeredo.
Em SP, a Pedra do Baú será o segundo monumento natural -o primeiro, criado em março deste ano, é a Pedra Grande, na Cantareira. Em nível federal, há dois: o rio São Francisco (Nordeste) e os Pontões Capixabas (ES).
Colaborou Diego Padgurschi, editor-assistente de Fotografia
Veja depoimento do repórter
folha.com.br/ct800756
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1909201015.htm
Frequentadores pedem melhor infraestrutura
Dos enviados a São Bento do Sapucaí
A possibilidade de revitalizar a maior atração turística de São Bento do Sapucaí com a criação do Monumento Natural da Pedra do Baú é o que mais anima as autoridades e os frequentadores do local.
Apesar do esforço de voluntários, a sinalização é precária, há poucas instruções sobre segurança -há riscos de quedas e de se perder na mata- e nenhuma estrutura: não dá para comprar água ou ir ao banheiro, por exemplo.
"É difícil se orientar pelas placas. Faltam base de apoio ao turista, alojamento, restaurante", diz o professor universitário Elvis Magno da Silva, 33.
Outra questão, diz ele, envolve a segurança. "Nas bordas das pedras é perigoso, não tem proteção, nem sinalização. Vir com crianças é complicado."
Quando a Folha esteve no local, na terça-feira, o posto de atendimento a visitantes estava fechado. "Deveria estar aberto durante toda a semana", diz a garçonete Lilian Graziele, 21, de Campos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1909201016.htm
Rochedo deu origem a lendas
Embora hoje seja um desafio superado por esportistas, a Pedra do Baú já foi sinônimo de mistério, medo e admiração, materializados em poemas e, principalmente, lendas. Os primeiros a difundi-las foram o tropeiros, no início do século 19, que levavam na bagagem histórias sobre a mítica pedra "Embaú" -na língua tupi-guarani, "vigia". O rochedo também foi inspiração para o poema "Pedra do Bahú", de 1915, do escritor Plínio Salgado (1895-1975), que fala do gigante "impassível ao vento, às borrascas, aos raios".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1909201017.htm
FSP, 19/09/2010, Cotidiano, p. C8-C9
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