O Parque Estadual do Sumidouro (Pesu) será a primeira Unidade de Conservação de Minas Gerais que, a partir do próximo dia 22 de maio, estará aberta para a prática da escalada e do montanhismo.
Nessa quarta-feira (6), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Associação Mineira de Escalada (Ame) formalizaram o Ato de Oficialização da Prática Regulamentada da Escalada no Pesu. O projeto piloto foi apresentado a esportistas e interessados na atividade.
Durante a apresentação do projeto, ficou acertado que a prática do montanhismo e da escalada será realizada por um período experimental de até seis meses. O diretor de Áreas Protegidas do IEF, Ronaldo Magalhães, explicou que pelo fato de ser uma prática nova no Estado, o período de avaliação poderá se constituir no início de novas possibilidades de esportes de aventuras tanto no Parque do Sumidouro como nos demais parques administrados pelo IEF. "Estamos vivenciando um marco histórico para as Unidades de Conservação (UCs) de Minas", destacou o diretor.
A abertura do Parque Estadual do Sumidouro para a prática do montanhismo e da escalada foi precedida pela constituição de um grupo de trabalho envolvendo técnicos do IEF, da Ame, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e de organizações como o Grupo Bambuí, que trabalha com pesquisas espeleológicas. Foram quase dois anos de trabalho até a definição das trilhas de escaladas e das regras para conciliar o esporte com a preservação e conservação do Pesu.
O gerente do parque, Rogério Tavares, destaca a riqueza ambiental e cultural da região, com destaque para o patrimônio espeleológico e arqueológico que são focos da preservação. O Grupo Bambuí ajudou na compatibilização da prática da escalada com a preservação do patrimônio espeleológico. A representante do grupo, Luciana Alt, chamou atenção para o grande número de cavidades encontradas durante as pesquisas.
O presidente da Ame, Luiz Monteiro, ressaltou a preocupação da associação com a preservação ambiental. A entidade foi criada em 2001 e conta com 70 sócios e 375 associados. "Assinamos um termo de cooperação técnica em 2010 e estávamos com grandes expectativas para a abertura do parque à prática da escalada", ressaltou Monteiro.
Critérios
Os esportistas que quiserem usufruir do Pesu para prática da escalada ou do montanhismo terão algumas regras a seguir: o parque só estará aberto à atividade aos domingos; a entrada para escalada será das 9h às 13h e a saída acontecerá às 16h45; serão aceitos apenas 40 escaladores por dia; todos deverão se apresentar na portaria, onde receberão todas as instruções quanto à prática do esporte e às regras que deverão seguir.
Parque Estadual do Sumidouro
O Parque Estadual do Sumidouro (Pesu) está localizado na região de Lagoa Santa, a cerca de 50 quilômetros de Belo Horizonte. A unidade de conservação foi criada na década de 80, pelo Decreto 20.375, com o objetivo de preservar o patrimônio cultural e natural existente na região.
A vegetação é composta de mata de galeria, cerrado e vegetação rupícola. A flora é formada por espécies como ipê amarelo, ipê roxo, moreira, aroeirinha, jatobá do campo, gabiroba, manjoba, mutamba, faveiro, dentre outros.
Denominado de "Parque da Memória", o Pesu foi recentemente inaugurado para visitação. Possui trilhas interpretativas que abordam diversos aspectos da Unidade de Conservação, com destaque para os Circuitos Sumidouro e Lapinha, bem como a Travessia, que une os dois circuitos, possuindo 3,5 quilômetros de extensão e passando pelo Cruzeiro da Lapinha, mirante de onde se vê a Serra do Cipó, a Serra da Piedade, a Serra do Curral, o Aeroporto Internacional de Confins e a ocupação da região Norte da RMBH.
Com uma área total de 1,3 mil hectares, o Pesu está inserido na região do carste Lagoa Santa. Possui relevo formado por rochas carbonáticas e com propensões a processos de dissolução em contato com a água. Ao longo de milhões de anos, essas rochas formaram cavernas com seus espeleotemas, as surgências e sumidouros, funcionando como uma esponja que é capaz de absorver e drenar a água para córregos. Por isso a área passou a ser denominada de Lagoa do Sumidouro.
Dentre os atrativos turísticos, destacam-se as 52 cavernas cadastradas e cerca de 170 sítios arqueológicos históricos e pré-históricos. Destaca-se também o Poço Azul, uma surgência às margens do rio das Velhas que forma um poço de coloração azulada que encanta os olhos dos visitantes.
A fauna é igualmente rica e nela encontram-se mico estrela, raposa, tatu galinha, tatu peba, coelho, gambá, veado catingueiro, gato do mato, lontra, tamanduá colete, os répteis jibóia, cascavel, jararaca e as aves codorna, garcinha, biguá, urubu, gavião, irerê, seriema, rolinha, beija-flor, andorinha e o pica pau branco.
História pra contar
Com aproximadamente 15 quilômetros de perímetro no período de cheias, o parque foi local de abrigo e sobrevivência do "Homem de Lagoa Santa", denominação dada pelo pesquisador dinamarquês, Peter Lund, aos humanos que ali viveram há mais de 10 mil anos e que deixaram no abrigo do Sumidouro suas marcas por meio das pinturas rupestres.
Neste local, Peter Lund encontrou evidências da coexistência do homem com a fauna extinta, fato que contribuiu para o surgimento do pensamento evolucionista através de citações de Charles Darwin no livro "A origem das espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), em que discutia a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural.
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