O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), promoveu uma expedição de soltura de 331 filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis), na Reserva Extrativista (Resex) do Alto Tarauacá, no Acre.
O evento ocorreu no dia 12 de outubro, Dia das Crianças, na Comunidade do Seringal Jaminawá. Os animais foram soltos pelos alunos do Ensino Fundamental da Escola Municipal Graziela Melo Freire e por moradores da comunidade, que se disseram maravilhados com a ação. A iniciativa fez parte do Projeto de Manejo Participativo de Quelônios (animais com casco). Além de servidores do CNPT e da Resex, funcionários do Ibama partiparam da expedição.
"A expectativa é que com a continuação do projeto, haja um aumento da área a ser monitorada e, ainda, do número de animais manejados. Na medida em que mais moradores se envolvem nesta iniciativa é possível contemplar todas as praias da Resex e seu entorno", afirmou a analista ambiental e coordenadora da pesquisa, Rosenil de Oliveira. Estão previstas para o próximo ano reuniões comunitárias de apresentação dos resultados, balanço, ajustes e perspectivas de continuação do projeto.
O Projeto
O estudo tem sido desenvolvido na unidade de conservação desde sua aprovação por meio do edital da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio), com financiamento da Agenda Social do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e apoio do Programa Áreas Protegidas na Amazônia (Arpa).
O projeto, pioneiro na UC, fez identificação e georeferenciamento de 29 praias onde ocorre a postura de ovos de tracajás na região, sendo 22 delas nos limites da Resex e sete no entorno da área escolhida para o manejo. Neste ano foram monitorados aproximadamente 18 km de praia em linha reta ao longo do Rio Tarauacá.
Cerca de 30 transposições de covas naturais de tracajás para a praia protegida do Tabuleiro Experimental - Praia do Alípio/Comunidade do Seringal Jaminawá já foram realizadas. Em algumas covas naturais houve apenas o monitoramento e proteção, por estarem dispostas em locais considerados de baixo risco.
Os comunitários manejaram 733 ovos, com média de 23 ovos por cova, número altamente representativo no cenário atual da situação populacional em que esta espécie se encontra na região. Os animais são os mais visados por comunidades extrativistas, indígenas e da zona urbana local, uma vez que são demasiadamente utilizados como fonte protéica de subsistência, tanto pelos ovos, quanto pelos animais juvenis e adultos.
O baixo número de fêmeas aptas à postura é alarmante, fato que motivou o início do manejo participativo na Resex. Em cada cova manejada foi feito registro em planilhas de campo, contendo informações sobre data da coleta dos ovos; nome da praia; altura da cova na praia; número de ovos na cova, entre outras.
Dados biométricos dos filhotes também foram registrados com instrumentos cedidos gentilmente pelo professor da Universidade Federal do Acre (UFAC), Armando Calouro. Estes dados estão sendo tabulados em planilhas para análise mais detalhada dos resultados.
Além de contribuir com o protagonismo comunitário dos moradores e de incrementar o processo de reposição natural dos estoques populacionais de tracajás na região, o projeto também gera subsídios que auxiliarão a médio e longo prazo na conservação de quelônios amazônicos com as informações levantadas.
http://www.icmbio.gov.br/comunicacao/noticias/4-geral/2319-cnpt-promove-manejo-participativo-de-quelonios-na-resex-do-alto-tarauaca
UC:Reserva Extrativista
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- UC Alto Tarauacá
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