Abandono toma Parque do Abaeté

Portal A TARDE - http://atarde.uol.com.br/ - 02/10/2013
Com 20 anos de fundação completados há exato um mês, o Parque Metropolitano do Abaeté, localizado em uma área de 225 hectares no coração de Itapuã, caiu no ostracismo dos frequentadores pelo mau estado de conservação da estrutura de lazer.

Quiosques abandonados, banheiros depredados, pedras portuguesas soltas, iluminação precária, "sensação de insegurança" e cavalos circulando entre os banhistas são apenas alguns dos problemas identificados por A TARDE, em visita ao local na manhã desta quarta-feira, 2.

Principal atrativo do parque, a lagoa escura rodeada de areia branca, cantada em verso e prosa pelo poeta Dorival Caymmi nos anos 1940, está com três das quatro réguas de medição do nível da água à mostra, dando sinais de que está secando com o passar do tempo.

Não bastasse a degradação ambiental e estrutural, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa do Abaeté, composta por dunas e 18 lagoas no total, tem sofrido com a ocupação irregular promovida por famílias carentes na rua Brasília, em Nova Brasília de Itapuã.

Insegurança

Diretor esportivo do grupo ecológico Nativo de Itapuã (criado em 1988 pelo ambientalista Antônio Reis, assassinado aos 44 anos, em 9 de julho de 2007), o comerciante Antônio Miguel, de 58, trabalha na lagoa há 36 anos e diz que "nunca viu reforma no parque desde a fundação".

"É incrível como estamos perto do verão e nada foi feito até agora, como vem ocorrendo nesses últimos 20 anos", bradou o comerciante, que reclama da falta de movimento de frequentadores por causa do mau estado do parque e, "principalmente, por causa da falta de segurança".

Segundo afirmou, ele contou 28 assaltos a frequentadores das dunas em um único dia, no ano passado. "Eu sei porque as vítimas vinham procurar socorro aqui na minha barraca, depois de serem assaltadas ali", apontou para uma duna chamada popularmente de "véu da noiva", que margeia a lagoa.

A possibilidade de sofrer um assalto nas dunas, aliás, motivou um trio de garotos a alertar a equipe de reportagem, que procurava um ponto alto para fotografar a lagoa, para não ir ao local. "Porque tem um safado com um 32 (revólver), que fica aí dentro roubando", disse um deles, na condição de anonimato.

Apesar das reclamações generalizadas, o comerciante que se apresentou como Barbudo do Abaeté, há 28 anos na área, diz que a segurança "melhorou". "A polícia está aqui diariamente. Mas, como cartão-postal, todo reforço é bem-vindo aqui", diz.

Animais

A presença dos cavalos, que pastam, tomam banho e se reproduzem na área central e no entorno do Parque do Abaeté, chega a ser maior do que o número de visitantes em um dia comum. Nesta quarta, a equipe de reportagem de ATARDE contabilizou, pelo menos, 15 animais à solta.

Polícia Montada

Por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação, a Polícia Militar informou que homens da 15ª Companhia Independente realizam o policiamento "nas praças, ruas e avenidas que dão acesso ao parque, diuturnamente".

Segundo a nota, o policiamento na área do entorno do parque é realizado por duplas de policiais militares a pé e viaturas "que fazem rondas, abordagens e blitzes constantes nas imediações".

Ainda conforme a nota, por conta da dificuldade de acesso às areias e dunas do Abaeté, nesses locais a segurança é realizada por um trio de policiais do Esquadrão de Polícia Montada, "nos turnos matutino e vespertino".

No entanto, durante o período de duas horas em que a equipe de A TARDE esteve nas imediações do parque, apesar de haver uma viatura e PMs no local, nenhum guarda montado foi avistado.

Em relação à ocupação de populares na rua Brasília, em Nova Brasília de Itapuã, a PM respondeu que a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) realiza "ações pontuais com foco nas ações ambientais".



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