Retrospectiva 2014: bloco ambiental, incêndios e batalhas contra projetos que agridem o meio ambiente

Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente - http://www.amda.org.br/ - 18/12/2014
Mais um ciclo se encerra e, neste ano, tivemos uma razão especial para celebrar. Em 2014 a Amda completou 36 anos de lutas pela proteção do meio ambiente. E nada melhor que comemorar com mais lutas verdes. Os ambientalistas acumularam batalhas contra projetos de lei que agridem a natureza; atuaram junto à sociedade enfatizando a importância da água, dos perigos das mudanças climáticas e do tráfico de animais silvestres. Além disso, a Amda foi pioneira ao criar uma ala carnavalesca com o tema ambiental, chamando atenção dos cidadãos para a importância de votar em candidatos comprometidos com o meio ambiente.

Com blusas personalizadas, faixas e estandarte, os foliões ambientalistas percorreram diversas ruas de Belo Horizonte com a Ala dos Sem Mata, que tinha como slogan Não Vote em Quem Desmata. As mensagens remetiam a situações envolvendo os ruralistas Marcos Montes, Zé Maia, Aldo Rebelo e Paulo Piau.

Depois da folia, os ambientalistas se reuniram em uma blitz ecológica para comemorar o Dia Mundial da Água. Realizada no entorno da praça da Liberdade, foram distribuídas quase mil sacolinhas para colocar lixo no carro e panfleto informativo sobre o tráfico de animais silvestres.

Na semana internacional do meio ambiente, celebrada em junho, a Amda promoveu diversos eventos. No Dia Mundial do Meio Ambiente, a organização, em parceria com a revista Ecológico, promoveu uma blitz ecológica. A mobilização abordou as mudanças climáticas. Mais de 2.500 lixo-car e exemplares da revista foram distribuídos em dois pontos no entorno da praça da Liberdade.

Em parceria com o Instituto Inhotim, a Amda realizou o Fórum Semeando Paisagens, que teve como objetivo propor ações de implantação de corredores ecológicos no segmento sul da região metropolitana de Belo Horizonte. Para encerrar a semana de meio ambiente, a associação promoveu a reintrodução de mais de 100 aves à natureza. Os pássaros, entre azulões, canário-chapinha, tico-tico e tico-tico-rei, fazem parte do projeto Asas (Área de Soltura de Aves Silvestres) da Amda, que reabilita aves vítimas do tráfico ilegal e maus tratos.

Nos medes de maio e novembro aconteceram dois Encontros de Instituições Apoiadoras da Amda. O primeiro, que ocorreu em Ouro Preto, abordou temas complexos como compensação ambiental e Cadastro Ambiental Rural (CAR) e contou com a presença de Alceu Torres, secretário de Estado de Meio Ambiente; Bertholdino Teixiera Júnior, diretor geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF); e Márcia Telles diretora-geral do Instituto de Meio Ambiente da Bahia (Inema). No segundo encontro, realizado em Juiz de Fora, o tema central das discussões foi o futuro do planeta, envolvendo mudanças climáticas, economia ecológica versus consumismo desenfreado; corredores ecológicos e os desafios para conservação dos biomas brasileiros.

Com os gigantescos incêndios florestais que destruíram centenas de unidades de conservação, a atuação das brigadas da Amda, em parceria com as empresas Usiminas, Gerdau, Anglogold, Sindiextra e Ferrous/ Vallourec, foi de extrema importância. Por isso, os bravos combatentes que lutaram incansavelmente para proteger nossas florestas foram homenageados. Noventa e três brigadistas, profissionais e voluntários, receberam medalhas de honra ao mérito pelos serviços prestados.

Em novembro, a Amda tomou conhecimento de um projeto da prefeitura de Ibirité para reduzir a zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça a fim de expandir a zona urbana do município. Indignados, entidades ambientalistas, condomínios e usuários do parque fizeram uma manifestação contra a iniciativa. Cerca de 700 veículos foram abordados na ação. O grupo também lançou uma petição online pedindo adesão da sociedade para proteger o parque, já tão devastado pelos incêndios deste ano, que queimaram mais de 700 hectares (17,5%) de sua área, além de 771 hectares de seu entorno. Mais de 2.700 pessoas assinaram a petição.

Como nos anos anteriores, diversos projetos que agridem o meio ambiente são pautados, de última hora, para votação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Neste ano não foi diferente. Em dezembro, a equipe da Amda manifestou contra três PLs. O primeiro, (PL 4.743/2013) retira área de 368 hectares do Parque Estadual Alto Cariri, sob pretexto de prejuízos causados a 12 famílias que residem na área. Por coincidência, o local abriga corpo mineral de grafite, cuja concessão é da Cia. Nacional de Grafite, que já explora o minério em áreas próximas aos limites do parque. O segundo projeto, PL 3.436/2012, entrega 57 hectares da Estação Ecológica de Cercadinho à especulação imobiliária. A última proposta (PL 5.245/14) retira da categoria de preservação permanente os rios Jequitinhonha, Grande e seus afluentes para permitir mineração de cascalho, areia, argila e saibro. A alegação é de que a proibição está causando problemas sociais, mas o deputado não apresentou estudos técnicos que comprovem a real necessidade, inexistência de alternativas e avaliação dos impactos ambientais que podem resultar da atividade, que podem inclusive gerar prejuízos econômicos maiores do que os alegados problemas sociais.

Em seu quarto ano, a Terça Ambiental pautou importantes temas ambientais, como construções sustentáveis e ecologia de estradas, além de falar dos biomas, como o Cerrado. O projeto acontece sempre na última terça-feira de cada mês, é aberto ao público e tem como objetivo provocar a discussão de assuntos relacionados ao meio ambiente que estão em voga. Tentando atingir os mais variados tipos de público, neste ano, representantes da Amda realizaram palestras em uma escola pública, na Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria (PPJSA), localizada em São Joaquim de Bicas, e empresas, além de seminários da área.

A Caravana Ambiental também teve destaque este ano. O projeto consiste em apresentações teatrais em escolas, seguidas por debates e distribuição da cartilha É o Bicho!, material lúdico didático produzido pela Amda para crianças com foco no respeito, valorização e proteção da fauna brasileira. O objetivo principal é conscientizar os pequenos quanto ao combate do tráfico de animais silvestres, cultura da caça e outras ações que, apesar de "comuns", vão na contramão da proteção à biodiversidade.

A Amda encerra 2014 com orgulho de suas lutas e voltará em 2015 com ainda mais fôlego para proteger o meio ambiente. Estaremos em recesso a partir do dia 22 e retornaremos as atividades no dia 5 de janeiro. Boas festas!



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