Governo libera veículos para parques mineiros, mas não autoriza abastecimento desde novembro de 2014

Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente - http://www.amda.org.br/ - 03/02/2015
A situação de abandono e descaso com as Unidades de Conservação (UCs) estaduais que marcou o governo anterior permanece até o momento no atual. Os veículos 4x4, liberados pelo governo somente no final de 2014, estão parados ou rodando com combustível doado, porque desde o dia 17 de novembro o governo não autoriza abastecimento. Ainda na gestão do ex-secretário de Meio Ambiente Alceu José Torres Marques, a cada semana era prometida uma solução para o problema que permanece até hoje. As caminhonetes são alugadas.

Aproxima-se o carnaval, quando o número de visitantes nos parques abertos ao público aumenta enormemente e os gerentes não têm como abastecer os carros. Além disso, o risco de incêndios já existe devido à seca que assola Minas Gerais e os carros tracionados são indispensáveis ao combate, para transportar brigadistas e equipamentos. Grande parte das unidades de conservação no estado, principalmente de proteção integral, localizam-se em áreas de topografia irregular e as estradas são ruins.

A "temporada" de fogo de 2014 foi enfrentada pelos gestores das UCs em condições precárias, principalmente no que se refere a veículos. Pela falta deles, muitas vezes os brigadistas tiveram de caminhar durante horas para chegar ao local do fogo.

Situação ainda mais estranha são as motocicletas das UCs, indispensáveis à fiscalização e serviços diversos. Por questões administrativas e burocráticas, elas só podem ser abastecidas diretamente em postos "autorizados". No caso do Parque Estadual do Rio Preto, por exemplo, o posto autorizado fica em Diamantina, a 70 km, sendo 20 em estrada de terra. Gasta-se um terço do combustível para chegar ao posto e mais um para voltar. Ao final, somente um terço é utilizado no trabalho a que se destinam. A situação seria cômica, se não fosse tão trágica.

Os parques do Itacolomi, em Ouro Preto; Ibitipoca em Lima Duarte; Rio Preto em São Gonçalo do Rio Preto; e Rio Doce em Marliéria são abertos à visitação pública e possuem alojamentos e campings que estão reservados desde o início do ano. A Amda fez contato com alguns gerentes sobre a possibilidade de fechá-los à visitação no carnaval, mas segundo eles é muito difícil porque a demanda é muito grande e a medida causaria transtorno. Ao mesmo tempo, não sabem o que fazer diante da falta de combustível para abastecimento dos veículos, fundamentais à gestão dos parques para retirada de lixo, fiscalização, atendimento a acidentes com turistas etc.

Para Dalce Ricas, superintendente da Amda, é preciso que a forma de administração da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), marcada por rígida centralização, seja urgentemente modificada, concedendo mais autonomia aos gestores das UCs. "Os gerentes dependem de processo burocráticos para comprar qualquer coisa ou contratar quaisquer serviços. O dinheiro arrecadado nas portarias dos parques que são abertos ao público cai integralmente no caixa único do estado. Entendemos que parte dele deveria ficar na própria unidade de conservação e o restante aplicado nos parques que não têm estrutura", diz.

A Amda enviou, nesta terça-feira (3), ofício ao secretário de Meio Ambiente, deputado Sávio Souza Cruz, solicitando providências imediatas para solução do impasse.



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