Áreas isoladas e antes inacessíveis da região Amazônica agora podem ser vistas e 'exploradas' por pessoas de todo o mundo, através do Google Street View Amazônia (originalmente chamado "Amazon Street View"). O trabalho realizado pelo Google em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) mostra, por meio de imagens captadas em 360o, a rotina dos povos que habitam áreas protegidas e preservadas da Floresta Amazônica, além dos tipos de vegetação que formam esse ambiente.
Essa é a segunda fase do projeto Street View Amazônia que teve início em agosto do ano passado. De acordo com o superintendente técnico-científico da fundação, Eduardo Taveira, durante 18 dias, a equipe da FAS, percorreu mais de 500 quilômetros de rios, lagos e córregos passando por 18 comunidades para registrar as imagens. A área escolhida - para essa fase - representa mais de 900 mil hectares de floresta e encontra-se nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma e Madeira, no Amazonas, localizadas a 228 km de Manaus.
As imagens, também, foram captadas em trilhas fechadas passando por mais de 20 km dentro da área de mata. Para aproximar as pessoas da realidade dessas comunidades, as imagens foram captadas em diferentes níveis. Eduardo explica que, diferentemente do Google Street View, em que as pessoas olham as imagens de ruas na perspectiva do chão, de baixo para cima, no Street View Amazônia as imagens foram captadas, também, da copa das árvores - de cima para baixo. No total, foram realizadas duas escaladas, além de uma tirolesa que mostra a floresta de um ângulo, até então, não explorado.
O projeto, além de mostrar para o mundo as belezas naturais e a diversidade da biodiversidade da floresta Amazônica, pretende, principalmente, mudar a visão equivocada que muitas pessoas têm de que na Amazônia só existe floresta.
- As RDSs Madeira e do Juma são regiões extremamente importantes na Amazônia. Nelas realizamos projetos de geração de renda e de educação adaptada à realidade local. Juntas, essas áreas somam quase 900 mil hectares de floresta em pé. Com o Street View Amazônia, o mundo poderá ver essa realidade e saber que pessoas vivem em uma região com tantos desafios e realidades totalmente diferentes. O resto do Brasil e do mundo precisam saber disso e valorizar a floresta e quem vive nela - afirma Virgílio Viana, superintendente geral da FAS.
Para mostrar ao mundo a vivência harmoniosa entre homem e floresta nas RDS, o trabalho incluiu, ainda, o registro fotográfico de ambientes internos, como pousadas, escolas, casas e outros.
Eduardo explica que o passeio virtual leva o internauta a se sentir muito mais próximo dessas comunidades e, por consequência, da floresta. - As imagens foram captadas em diversas situações e pode simular ações de um visitante chegando à comunidade: descer do barco, subir as escadas e ir ao encontro das casas e estruturas que compõe aquele ambiente.
Esse cuidado em captar a dinâmica do ribeirinho com a comunidade e com a floresta faz parte do projeto e foi pensada pelos próprios moradores.
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- Essas pessoas querem aparecer como são e não do ponto de vista das pessoas que falam sobre ela. Elas quando assistem ou leem alguma coisa relacionada à Amazônia não se identificam. Por isso eles ajudaram a construir esse trabalho. Ajudaram a mostrar que o respeito não é simplesmente deixar a Amazônia intocada que ela vai simplesmente ficar preservada, mas o respeito ao estilo de vida e ao modo de produção dessas populações que interagem com a floresta tirando seu sustento e ainda conseguem deixá-la de pé. É assim que eles querem ser apresentados.
RETORNO COM O TURISMO
Quando lançada a primeira fase do Street View Amazônia, em 2010, Roberto Mendonça - que já foi madeireiro - não imaginava que sua pousada receberia tantos turistas estrangeiros.
Ele conta que havia abandonado a atividade ilegal de exploração de madeira e passou a investir no turismo sustentável. - Meu trabalho não fazia bem para a floresta e nem para minha comunidade.
Na primeira fase do projeto a pousada de Roberto, na Comunidade Tumbiras localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Negro, em Iranduba, foi inclusa no projeto. As imagens foram para o Street View Amazônia, seu trabalho ganhou visibilidade e trouxe turistas vindos dos Estados Unidos, Coreia e França.
- Eu recebo turistas brasileiros e de outros países aqui na pousada que fazem contato comigo após acessarem as imagens na internet. Foi com essa divulgação que nosso trabalho aqui ganhou força e hoje vivo em harmonia com a floresta.
TECNOLOGIA EMPREGADA
Para realizar esse trabalho a equipe da FAS contou com a tecnologia Street View do Google. Em 2010, na primeira fase do projeto, as imagens foram capturadas com um Trike (triciclo do Street View). O equipamento de captura de imagens era acoplado em um triciclo. Pelo tamanho e por ser guiado o equipamento não chegava à área de florestas mais fechadas, nem no topo das árvores.
Na segundo fase, com uma nova tecnologia, foi possível chegar a lugares menos acessíveis e capturar imagens mais detalhadas e inéditas. O Trekker, equipamento utilizado para captar as imagens, pode ser carregado em uma mochila, fixado por cabos em árvores ou acoplados em embarcações como lanchas ou rabetas.
- O Google Maps completa dez anos em 2015. Neste período tivemos muitos avanços tecnológicos, como o Street View e seus equipamentos. Cada avanço na tecnologia proporciona novas experiências aos usuários da web. Entre elas, a exploração a regiões que, provavelmente, a maioria das pessoas não poderá conhecer pessoalmente. Juntos, Google e FAS proporcionam conhecimento relevante para a conscientização da sociedade sobre a importância da Amazônia - destaca Karin TuxenBettman, gerente do Google Earth Outreach.
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Segundo o líder do projeto em campo, Gabriel Ribenboim, o avanço da tecnologia do Google facilitou as inovações da fase no Juma e Madeira. - Com a nova tecnologia, que permite maior mobilidade e autonomia, pudemos entrar mais profundamente em trilhas e igarapés nunca antes mageados, como a trilha de 11 km em floresta densa que conecta as comunidades do Rio Auruá com as do Rio Mariepaua. Em experiência inédita no mundo, com essa nova tecnologia da Google, conseguimos adaptar o equipamento em uma tirolesa fixada em uma das maiores castanheiras da região com altura entorno de 60 metros, remontando uma descida da copa das árvores até o solo documentando todos os estratos florestais.
O EQUIPAMENTO
O Trekker é um equipamento que reúne um sistema fotográfico de 15 lentes em um conjunto portátil, que pesa 18 kg e mede 120 cm. Ele dispara fotos automaticamente, aproximadamente a cada 2,5 segundos, conforme o operador caminha por trilhas inclusive aquelas mais íngremes ou estreitas.
VEJA FOTOGALERIA COM IMAGENS DO PROJETO:
http://oglobo.globo.com/sociedade/google-street-view-na-amazonia-15472085
http://oglobo.globo.com/sociedade/google-street-view-da-amazonia-disponibiliza-imagens-de-areas-isoladas-da-floresta-15471419
Amazônia:Geral
Related Protected Areas:
- UC Rio Madeira
- UC Juma
- UC Rio Negro
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