A interdição temporária da Gruta Rei do Mato, nesta semana, expõe a precariedade estrutural deste atrativo natural de Sete Lagoas, na região Central de Minas, que recebia até 50 visitantes por dia. A falta de investimentos estaduais reflete negativamente na manutenção de outras reservas ambientais.
Afeta, por exemplo, a Unidade de Conservação Parque Estadual do Sumidouro e o Monumento Natural Peter Lund, ambos em Lagoa Santa, também na região Central. A conservação inadequada é reflexo da quantidade insuficiente de funcionários, segundo fontes do Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Desde o ano passado é aguardada a assinatura do contrato da Parceria Público-Privada (PPP) para a gestão das unidades ambientais mineiras.
A situação dos atrativos naturais é alvo de apuração do Ministério Público Estadual (MPE), por meio de ação civil pública, de acordo com as fontes do IEF. Cerca de 50 investigações estão em curso.
"São problemas de estrutura, transporte e falta de pessoal, entre outros, que afetam o dia a dia dessas unidades", afirma um funcionário do IEF, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, há decisão judicial obrigando o governo do Estado a fazer reparos em quatro reservas ambientais.
Perigo aos visitantes
A Gruta Rei do Mato foi fechada devido às péssimas condições das passarelas internas. A reforma da estrutura está prevista na PPP. "Varias ações deste tipo serão de responsabilidade do setor privado", ressalta a fonte do IEF.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) confirma o risco gerado aos visitantes da gruta pela degradação das passarelas dentro da gruta. "Foi observada corrosão generalizada da estrutura de aço. Nos trechos onde ocorre intenso gotejamento natural dos espeleotemas (formações rochosas), a corrosão se apresenta mais avançada", informou a Semad, por meio de nota.
Os portões do monumento natural, no entanto, continuam aberto ao público. Os visitantes só são informados do fechamento da Gruta Rei do Mato quando chegam à recepção.
Orçamento
"Não vamos esperar a PPP para a reforma. Estamos fazendo orçamentos e o Estado vai bancar os recursos para que a gruta reabra o quanto antes", garante o diretor de Áreas Protegidas do IEF, Henri Collet.
A Semad informa que em parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda está dando continuidade à formalização e homologação do contrato da PPP para gestão das reservas. Porém, não aponta a previsão do prazo para finalização.
Museu Peter Lund corre o risco de perder acervo dinamarquês
Em 2012, uma grande festa, com a presença ilustre do príncipe herdeiro da Dinamarca Frederik André Henrik Christian, e da mulher dele, a princesa Mary Elizabeth, marcou a inauguração do Museu Peter Lund, construído ao lado da Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa. Foi comemorada também a cessão de 80 fósseis pelo Museu de História Natural dinamarquês ao governo de Minas, em regime de comodato.
Naturalista que viveu em Lagoa Santa por mais de quatro décadas, Lund nasceu na Dinamarca. O museu em homenagem a ele foi planejado para ser referência no Brasil. Quase três anos depois, no entanto, o projeto ainda não emplacou.
"Virou um área de visitantes, nem sei se pode ser considerado um museu", lamenta o paleontólogo Castor Cartelli. Professor da PUC Minas, ele é um dos idealizadores da Rota Lund, que engloba o Parque Estadual do Sumidouro, a Gruta Rei do Mato e o Monumento Natural Peter Lund.
Falta planejamento
Segundo Cartelli, a ideia inicial era que o museu integrasse um centro de inovação sobre grutas, com pesquisas e exposições. "Porém, não há planejamento. A exposição importante de fósseis pode até ir embora, pois o acordo de permanência vence agora, em setembro", afirma.
Para o geógrafo Felipe Carvalho, especialista em tecnologia aplicadas à conservação da biodiversidade, sem a exposição do acervo, o museu perde o propósito. "Peter Lund fez a maior parte do seu trabalho aqui, mas aqui mesmo não ficou quase nada. Está tudo na Dinamarca. Às vezes, dou graças à Deus, porque não temos estrutura para isso", critica.
Corte de verba prejudica visita a espaço interativo da UFMG
O corte de verbas das universidades federais está prejudicando o funcionamento de espaços culturais ligados às instituições de ensino. Desde o início do ano, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, em Belo Horizonte, restringe o atendimento ao público.
O museu não fica mais aberto em horário integral. De acordo com o diretor da instituição, professor Antônio Gilberto Costa, por causa da diminuição do número de monitores para acompanhamento das visitas, o Espaço Interativo de Ciências da Vida passou a funcionar em horários pré-determinados.
"As salas são interativas, mas precisamos de pessoas para acompanhar as visitas. Como houve diminuição, tivemos que limitar o horário de funcionamento", ressalta.
Segundo Costa, a greve dos funcionários do setor de agendamento também causou diminuição das visitas. Escolas, por exemplo, estão impossibilitadas de fazer agendamentos. A visitação espontânea, de acordo com ele, ocorre com mais frequência no fim da semana.
Voltar ao normal
A previsão é a de que o funcionamento do espaço seja normalizado quando a liberação de recursos voltar a ocorrer. Enquanto isso, nos fins de semana, as visitas guiadas à sala interativa ocorrem às 12h, 14h e 16h. Durante a semana, às 11h e 15h.
O Museu de História Natural da UFMG tem um espaço aberto, de área verde, com 600 metros quadrados, além das salas com espaço interativo, que mostram de forma lúdica e prática o funcionamento do corpo humano. (S.L.)
"Está sendo negociada, inclusive, a vinda de outras exposições da Dinamarca" Rogério Tavares de Oliveira - gerente do Parque Estadual do Sumidouro
A prorrogação da permanência dos fósseis cedidos pelo museu dinamarquês no Peter Lund está adiantada
Há R$ 150 milhões para serem investidos nos parques estaduais, de acordo com o diretor do IEF, Henri Collet
(*) Colaborou Karla Scarmigliat
http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/por-falta-de-investimento-reservas-ambientais-do-estado-sofrem-com-a-degradac-o-1.337960
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