Ricardo Salles participou da inauguração do Centro de Visitantes do ICMBio nesta segunda (2). Governo estadual diz que projetos foram enviados ao governo federal, mas não teve resposta.
Em visita a Fernando de Noronha, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou da reunião do Conselho Distrital nesta segunda-feira (2). Ele afirmou que o governo federal ainda não liberou recursos para a ilha por falta da apresentação de projetos do governo do estado.
Segundo o administrador de Fernando de Noronha, Guilherme Rocha, que não acompanhou a visita, todos os projetos foram enviados ao governo federal, mas o governo estadual não obteve resposta. O ministro estava acompanhado do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Gilson Neto.
Em julho de 2019, Salles visitou Noronha e prometeu apoio para obras de infraestrutura, como o calçamento de acesso às praias e saneamento. Ele disse, no entanto, que não recebeu os projetos.
"O saneamento de Noronha está parado há muitos anos, precisamos ampliar. É responsabilidade do governo de Pernambuco, nós nos disponibilizamos a ajudar, inclusive financeiramente, mas até hoje não recebemos o projeto", afirmou.
A pavimentação das ruas, a ampliação da usina de tratamento de lixo e o aumento da capacidade de produção do dessalinizador marinho para abastecimento de água de Noronha também são obras a serem realizadas em parceria entre os dois governos, de acordo com o ministro.
"Há uma certa decepção em assuntos que nós gostaríamos de ver avançar nesse período. Me parece que há a necessidade maior de envolvimento do governo do estado, da administração local, nos pleitos que foram combinados. No caso do dessalinizador, a constatação é de que a administração local não fez o pleito para aumento do dessalinizador", declarou Salles.
O ministro solicitou ao representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na ilha, João Rocha, que oficialize à Administração de Fernando de Noronha questionamentos quanto aos projetos a serem executados.
Procurada pelo blog, a Administração da Ilha respondeu em nota. "O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mais uma vez tenta esconder a total falta de investimento de sua pasta no Estado com críticas vazias à administração local. Assim como na crise do óleo, quando a paralisia do Ministério do Meio Ambiente fez o plano de contingência demorar mais de 40 dias para ser acionado, Salles foi a Fernando de Noronha apenas para usar as redes sociais", disse.
Ainda na nota, a Administração da Ilha afirmou que os investimentos feitos pelo governo de Pernambuco com recursos próprios superaram R$ 10 milhões em diversas áreas, principalmente em infraestrutura.
"Também foram iniciados os trabalhos para a recuperação das vias vicinais. O serviço consiste na compactação, estabilização, drenagem e impermeabilização do solo das estradas secundárias da ilha", disse no texto.
O presidente do Conselho Distrital, Milton Luna, contou que está confiante para a chegada de verbas federais à ilha. "O governo federal está muito imbuído em ajudar Noronha, vamos ter uma agenda positiva. Vamos fazer o possível para essa parceria, estamos juntos", declarou.
Centro de Visitante
Ricardo Salles também participou da reinauguração do Centro de Visitantes do ICMBio. O local passou por obras para a restauração do forro, janelas, telhado e ainda foi feita a troca dos pisos interno e externo. A edificação também ganhou o chamado piso tátil e uma rampa, para ajudar na acessibilidade, além de placas com indicação em braille.
O prédio recebeu, ainda, uma loja e copa de apoio, além de um auditório novo, com acesso à área externa, para possibilitar eventos e cursos. A edificação terá espaço para uma exposição permanente de educação ambiental.
O espaço foi reaberto com uma exposição temporária com fotos que registram a ocupação histórica humana, a biodiversidade e a interação socioambiental. O prédio tem também uma sala de projeção para exibição de vídeos de educação ambiental.
Taxa do Parque
A primeira visita do ministro ocorreu depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a taxa de acesso ao Parque Nacional Marinho, chamada de "roubo" pelo presidente. Em julho do ano passado Ricardo Salles afirmou que o governo federal avaliaria a taxa em 120 dias.
O resultado da avaliação não foi divulgado, mas, em novembro do ano passado, o ingresso teve um reajuste. "O reajuste estava na previsão contratual, esse é um governo que respeita contratos e esse é mais um caso que respeitamos", afirmou Salles.
O ministro disse ainda que contrapartidas foram cobradas da empresa concessionária que administra os serviços turísticos do Parque Nacional de Noronha. "Eles vão nos oferecer a nova escada de acesso à Praia do Sancho e o projeto para a área do entorno do Centro de Visitantes", afirmou.
Sardinhas
Na visita do ano passado, o ministro anunciou ainda a possível liberação da pesca da sardinha, das 6h às 9h, para os barcos da comunidade local na área do Parque Nacional. O assunto tem sido discutido, mas nenhuma decisão foi tomada.
"Há uma falta de entendimento entre as partes, que têm posições diferentes. Mas está claro que é preciso atender os pescadores que vivem dessa atividade. Por outro lado, é importante manter o equilíbrio do ecossistema. Nós precisamos atender a todos, os que vivem e os que visitam", disse.
https://g1.globo.com/pe/pernambuco/blog/viver-noronha/post/2020/03/02/ministro-do-meio-ambiente-diz-que-verbas-nao-foram-liberadas-para-noronha-por-falta-de-projeto-administracao-da-ilha-nega.ghtml
Política Socioambiental
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