O patrimônio natural do País sofre baixas consideráveis pela propagação desordenada de incêndios, de modo especial, nas regiões com predomínio de extensa cobertura vegetal, como na Amazônia, nas manchas restantes da Mata Atlântica e no Cerrado brasileiro. O fogo se propaga com intensidade, destruindo o que encontra no caminho, de forma incontrolada, deixando a marca negra de baixas incontáveis nos recursos da flora e da fauna regionais.
Os incêndios provocados - quase sempre - pela mão humana chegam a afetar o tráfego aéreo em parte sensível da Amazônia e a tornar irrespirável o ar de cidades como Rio Branco, no Acre, cobertas durante longo tempo pela fumaça oriunda da floresta. A utilização do fogo como meio de limpar o roçado está ligada às origens do homem, sendo um traço comum entre as populações indígenas. Mudar esse costume não é tarefa fácil como se possa imaginar.
Depois, propagou-se, entre aqueles voltados para os tratos agrícolas, serem as queimadas o melhor meio para tornar as terras aptas para o plantio, pois o fogo devora tudo. Essa visão arcaica encontra-se, exatamente, na contramão das técnicas mais recomendáveis da conservação do solo, pelas quais os restos dos plantios de cada safra representam um resíduo fertilizante natural, sem comparação com insumos químicos. Assim, as queimadas já deveriam ter sido erradicadas.
O Brasil, de fato, é um país de contrastes. Enquanto dispõe de sofisticada rede de identificação dos focos de incêndio, cobrindo o território nacional e operada pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, os recursos técnicos e humanos minguam para apagar o fogo, especialmente nas áreas ambientalmente protegidas. Entre janeiro e julho deste ano, foram registrados somente em parques e reservas supostamente protegidos 4.045 focos de incêndios, com incremento de 124,3% de sinistros em relação a 2009.
Do ponto de vista dessas ocorrências no âmbito nacional, a questão adquire contornos de grave desastre. Os incêndios nas florestas, sob domínio da União, e em propriedades privadas somam 11.918, com aumento de 28% em relação ao ano passado. Mato Grosso, Tocantins e Bahia lideram as frentes de destruição do meio ambiente. Somente a Estação Ecológica Serra Geral, no Tocantins, perdeu 400 quilômetros quadrados de cobertura vegetal.
Esse tipo de acidente - muitas vezes, provocado de fora para dentro - se repetiu 178 vezes no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (TO) e 104 vezes na Área de Proteção Ambiental do Planalto Central (DF). O Instituto Chico Mendes controla 310 unidades de conservação, mas apenas 96 dispõem de precárias equipes de brigadistas temporários.
A saída para equacionar a repetida destruição do verde comporta a estruturação de um contingente nacional antifogo, dotado de pessoal qualificado e de equipamentos de última geração, apoiados em transporte aéreo, principalmente, para intervir em qualquer ocorrência no território nacional. Os prejuízos justificam a organização dessa força auxiliar preventiva enquanto as florestas resistem.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=824598
Florestas:Queimadas
Related Protected Areas:
- UC Serra Geral do Tocantins
- UC Planalto Central
- UC Nascentes do Rio Parnaíba
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