Pirarucu converte-se em bom negocio para reserva extrativista

GM, Nacional, p.A6 - 26/01/2005
Pirarucu converte-se em bom negócio para reserva extrativista
Pela primeira vez Belém recebe cerca de nove toneladas de pirarucu (Arapaima gigas) originárias do sistema de manejo em criatórios naturais, sob a responsabilidade de comunidades que habitam a Reserva Extrativista de Mamirauá (AM), com apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Amazonas. Trata-se de feito relevante no contexto da política de apoio às comunidades das reservas estrativistas e da exploração sustentável dos recursos da Amazônia.
Segundo Henrique Santos Pereira, gerente executivo do Ibama no Amazonas, em quatro anos em atividade o manejo do pirarucu, autorizado pelo órgão em 15 lagos da reserva de Mnamirauá, foram produzidas 770 toneladas de pirarucu com geração de emprego e renda em benefício de dezenas de famílias na região.
"A produção de pirarucu em criadouro natural fortalece o uso sustentável dos recursos pesqueiros na região com inclusão social em ações de parceria entre Ibama e as comunidades amazônicas", afirma Marcílio Monteiro, gerente do Ibama no Pará.
Segundo Alex Lacerda, biólogo e chefe da fiscalização do Ibama, o pirarucu estava na lista das espécies ameaçadas de extinção até o ano de 2002, mas, graças a programas de reintrodução de alevinos levados a cabo por produtores rurais juntamente com o Ibama, esse peixe não mais está ameaçado de extinção. Restrito às bacias Amazônica, Tocantins e Araguaia, nos territórios de Mato Grosso e Goiás, o pirarucu é um dos maiores peixes de água doce fluviais e lacustres do Brasil e um dos mais apreciados da gastronomia nortista. É o peixe de maior valor econômico e alimentício da Amazônia. Pode atingir dois metros e meio de comprimento pesar mais de 80 Kg. Deposita as ovas no fundo dos lagos ou no leito do rio de águas remansosas.
O defeso da espécie, que vai de dezembro a março de todo ano, e o manejo seletivo de pesca do pirarucu na reserva de Mamirauá têm levado à recomposição gradual da espécie na natureza.
A reserva foi criada em 1990 como estação ecológica pelo governo do Estado do Amazonas. Em 1996, coincidindo com a conclusão do plano de manejo da reserva, ela foi transformada na categoria, então inédita, de Reserva de Desenvolvimento Sustentável, também pelo Governo Estadual. Seu objetivo é proteger as várzeas da confluência dos rios Solimões e Japurá, no coração do Estado do Amazonas, próximo a Tefé.
Com uma área total de 1.1 milhão de hectares (correspondendo a quase metade do Estado de Sergipe), até 80 km de floresta da reserva são completamente alagadas entre os dois rios amazônicos.
A cada ano, as águas sobem cerca de 12 metros. Durante as cheias, que duram quatro meses, os peixes adentram as águas no interior da floresta e fazem o papel de dispersores de sementes. A inundação transforma a vida de toda a região. Muitos animais dependem dos frutos e sementes produzidos pelas árvores durante as cheias. Alguns, como o tambaqui, alimentam-se dos frutos que caem na água. Já foram catalogadas na reserva mais de 300 espécies de peixes.
Quando da criação da reserva, as populações humanas locais, em vez de serem removidas, foram envolvidas num processo participativo que visa a melhorar o padrão de vida local mediante o manejo e a proteção da biodiversidade da área protegida. As comunidades locais estão envolvidas nas atividades de pesquisa e participam do processo de tomada de decisões.

GM, 26/01/2005, p. A6
UC:RDS

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