Rota de fuga de bandidos, Parque Nacional da Tijuca fica deserto

O Globo - http://oglobo.globo.com/ - 25/09/2017
Turistas e esportistas evitaram circular pela região no fim de semana



Ponto turístico mundialmente conhecido por sua importância ecológica, o Parque Nacional da Tijuca - a unidade de conservação mais visitada do país - é desde sexta-feira o retrato do medo. No fim de semana, a Vista Chinesa praticamente só teve presença de militares.

- Só desavisado vem aqui - disse um PM, que fazia o patrulhamento na tarde de ontem.

Claramente era o caso de uma família de Japeri, que não sabia o motivo de haver tantos militares na área:

- É sempre assim ou está acontecendo alguma coisa? - perguntou Elaine Soares.

Diante da explicação, a moradora da Baixada Fluminense confessou não imaginar que o local pudesse ser rota de fuga de criminosos da Rocinha. Em linha reta, o mirante fica a cerca de 1,5 quilômetro da favela. Segundo os militares, ontem equipes do Bope e da Unidade de Polícia Ambiental vasculharam a mata em busca de fugitivos.

A Cachoeira do Horto estava deserta ao meio-dia de ontem. No sábado, poucos aproveitaram a queda d'água. Misaeli Almeida, que veio de Minas Gerais para assistir ao Red Hot Chili Peppers no Rock in Rio, conseguiu convencer um amigo a acompanhá-la:

- Como turista, me senti insegura, claro. Mas o Rio é tão bonito que eu não queria perder a oportunidade. A gente não pode se guiar pelo medo.

Nas curvas da Estrada Dona Castorina, o número de esportistas aproveitando o terreno acidentado para treinar era mínimo. A Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio de Janeiro orientou os ciclistas a evitarem a região. Mesmo assim, os ultramaratonistas Sérgio Rodrigues e Rodolfo Talarida resolveram não mudar os planos: iniciaram o treino na Estrada das Canoas e passaram por Paineiras, Mirante Dona Marte e Vista Chinesa.

- Se a gente deixar a nossa rotina, os bandidos vão ganhar - enfatizou Sérgio.

Com 396 quilômetros quadrados - cerca de 3,5% da área do município do Rio -, o Parque Nacional da Tijuca está misturado à área urbana e reúne marcos famosos da cidade, como a Pedra da Gávea, o Corcovado e o Pico da Tijuca, ponto mais alto da unidade de conservação, a 1.022 metros do nível do mar. Mas desde o domingo da semana passada, dia 17, a região tornou-se também rota de fuga e cenário de confrontos entre quadrilhas rivais e as forças de segurança.

A área do parque, que se estende pelas zonas Sul, Norte e Oeste, abriga também muitas das comunidades que fazem parte desta guerra. A começar pela Rocinha, estopim da nova onda de violência do Rio, que fica a cerca de 3h30m de caminhada até a Vista Chinesa. O Parque Nacional da Tijuca abrange ainda o Vidigal, no Leblon; Vila Parque da Cidade, na Gávea; Dona Marta, em Botafogo; Cerro-Corá, no Cosme Velho; a comunidade Mata Machado, no Alto da Boa Vista; e os morros do Borel, Turano e Salgueiro, na Grande Tijuca.



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