Incêndios já ameaçam condomínios na Serra

O Globo, Rio, p. 16 - 16/10/2014
Incêndios já ameaçam condomínios na Serra
Bombeiros têm dificuldade para atender ocorrências e combater os focos que destroem a mata

O Corpo de Bombeiros de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, luta contra o tempo para combater os focos de incêndio que atingem o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, ainda fora de controle. Com o excesso de chamados, a corporação encontra dificuldades para atender as ocorrências e, por isso, moradores e até turistas se uniram para combater o fogo e proteger casas perto dos focos usando baldes e reservas de caixas d'água.

Há 60 anos vivendo em um condomínio no bairro de Araras, a aposentada Matilde Ferreira, de 71 anos, conta que os cinco netos e a filha, que passariam a semana com ela após o Dia das Crianças, arrumaram as malas e retornaram a Volta Redonda:
- Estava ventando muito e, de repente, começamos a escutar estalos e o barulho de animais na mata. Em menos de dez minutos, a fumaça entrou na casa e descemos a rua correndo, as crianças chorando, sem saber onde o fogo estava. Depois os bombeiros disseram que as chamas estavam a 25 metros da casa. Minha filha pegou as crianças e foi embora.
PÂNICO E CORAGEM
Em Corrêas, o pânico vivido por moradores do condomínio Vale do Sossego dificilmente será esquecido. Sozinha com a filha de 9 anos, a cineasta Michele Pallotino, de 34 anos, acordou na madrugada de domingo com o fogo a apenas dez metros de sua casa. Mostrando os ferimentos que ganhou enquanto tentava controlar as chamas, ela conta sua reação ao ouvir do bombeiro, pelo telefone, que não teria como atendêla, pois todos estavam em ocorrências na rua.
- Desliguei o telefone, olhei para minha filha e pensei: ''não será dessa vez". Estava com muito medo, mas subi no telhado e virei a caixa d'água sobre o fogo que invadia o quintal. Os vizinhos chegaram, e foram mais de oito horas enchendo baldes na piscina até controlarmos o fogo. Tirei forças de onde não tinha pela minha filha. Se não fosse por ela, acho que algo pior teria acontecido comigo - disse, emocionada, com a filha no colo.
O incêndio já atingiu 575 hectares do Parque Nacional, em Petrópolis, de segunda-feira até ontem, segundo balanço dos administradores. O parque abriga 2.800 espécies da flora e 883 da fauna. Ao todo, 130 animais estão ameaçados de extinção, como a onça parda. Na manhã de ontem, equipes de veterinários foram levadas para a região do Mata Porcos, área mais atingida, para fazer o levantamento dos animais mortos e resgatar os feridos.
Numa reunião realizada na sede do parque foram traçadas estratégias de combate ao fogo, localizado em áreas de difícil acesso, como o Morro do Mamute. Para chegar a alguns focos são necessárias quatro horas de caminhada. Por terra, o combate é feito com abafadores e os brigadistas levam "sacos costais", equipamentos com capacidade para transportar 20 litros de água.
Nos últimos dez dias, o fogo destruiu outros 2.400 hectares de mata em Petrópolis. Segundo o comandante dos bombeiros na Região Serrana, coronel Roberto Robadey Júnior, os quatro helicópteros disponíveis não estão atuando no Parque Nacional por causa das condições climáticas desfavoráveis no local.

O Globo, 16/10/2014, Rio, p. 16

http://oglobo.globo.com/rio/moradores-de-condominios-ameacados-na-regiao-serrana-se-unem-para-combater-focos-de-incendio-14251875
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