Parque Nacional da Tijuca conscientiza sobre os riscos de pernoite nas trilhas

O Globo - http://oglobo.globo.com/ - 02/02/2019
Parque Nacional da Tijuca conscientiza sobre os riscos de pernoite nas trilhas
02/02/2019 - 12:39 / Atualizado em 02/02/2019 - 12:48

O Globo

Passar a noite na floresta pode pôr em risco espécies em extinção

RIO - Muitos visitantes e moradores da cidade do Rio acreditam que é inofensivo dormir no topo de pontos turísticos cariocas, como a Pedra Bonita ou o Pico da Tijuca, entre outras atrações famosas do Parque. Porém, o ato de passar a noite em alguns desses locais é, na verdade, uma atividade com alto risco para o ecossistema do Parque Nacional da Tijuca e também para o próprio visitante. Por isso, a direção do local quer alertar os visitantes sobre os riscos de passar a noite nas trilhas.

Os registros contabilizados pelo Parque mostram que os lugares mais procurados para pernoite são a Pedra Bonita (incluindo a rampa de voo livre), a Pedra da Gávea, o Pico da Tijuca e o Pico do Bico do Papagaio. Em 2018, foram 20 registros relacionados apenas ao pernoite no topo da Pedra Bonita. Na Pedra da Gávea, apesar de não haver um dado oficial, é considerado alto o número de pessoas que dormem no topo da trilha. A gestão do Parque acredita que há muitas subnotificações porque muitas pessoas fazem as trilhas por acessos inadequados e irregulares, passando longe dos olhos das guaritas e dos vigilantes.

Leidiane Diniz Brusnello, coordenadora de Uso Público do Parque, explica que os danos provocados por esse tipo de atividade são muitos.

- O pernoite coloca em risco 16 espécies da flora do Parque, como bromélias e orquídeas, que já correm o risco de extinção. Essas espécies estão distribuídas em alguns dos lugares mais procurados pelos visitantes para passar a noite. Temos fotos e vídeos que mostram áreas de vegetação pisoteadas por quem dormiu lá. As fogueiras representam um risco altíssimo para a unidade de conservação inteira. No réveillon de 2015 para 2016, tivemos um incêndio no topo da Pedra Bonita que durou dois dias para ser controlado e que foi iniciado por pessoas que acenderam fogueiras durante a noite - frisa Leidiane.

Além dos riscos para a flora e a fauna, há riscos para a segurança do próprio visitante, pois, durante a noite, é mais comum que as pessoas tenham dificuldade de localizar as trilhas oficiais, podendo se perder ou mesmo sofrer acidentes em áreas de difícil acesso.

Outro ponto a ser observado, segundo especialistas do Parque, é a perturbação provocada na rotina da fauna. Existem normas do Parque que, se forem descumpridas pelos visitantes, geram impactos negativos para o meio ambiente. A rotina de animais que circulam e habitam a região da Pedra Bonita, um dos lugares mais procurados para ver o entardecer ou o amanhecer, é impactada porque a circulação de pessoas no fim ou no início do dia coincide exatamente com o período em que eles estão se recolhendo para descansar ou saindo para se alimentar.

Levar animais domésticos também é outra preocupação da gestão do Parque. Cachorros costumam caçar animais, como as cutias, pacas e quatis. As cutias, por exemplo, são essenciais na dispersão de sementes de espécies específicas de árvores.

Janeiro e dezembro concentram alto índice de ocorrências

Animais domésticos nas trilhas (muitos caçam animais silvestres, como as cotias, que têm papel fundamental no ecossistema da Floresta da Tijuca), vandalismo (como pichações e depredação de objetos históricos) e acúmulo de lixo também estão no topo dos problemas enfrentados por causa do pernoite. Nos anos de 2017 e de 2018, foram registradas 200 ocorrências envolvendo essas questões.

De acordo com o Parque Nacional da Tijuca, as ocorrências aumentam, em números, entre os meses de dezembro e de janeiro, durante a virada do ano e o período de férias. Só no réveillon de 2019, foram registrados 110 autos de infração. Permanecer em locais como a Pedra Bonita ou na Pedra da Gávea fora dos horários permitidos é considerado infração ambiental e está sujeito a multas que variam de R$ 500 a R$ 10 mil.

Atualmente, o horário de funcionamento do Parque é de 8h às 17h, mas, no verão, ele é estendido até às 18h. Os visitantes interessados em ver o pôr do sol e o amanhecer têm algumas opções no Parque Nacional da Tijuca, como o Mirante Dona Marta e a Vista Chinesa.

A trilha da Pedra da Gávea está aberta para visitação, no horário de verão, das 8h às 18h. Para cumprir esse horário, o horário limite para começar a subir é 14h, para o visitante conseguir realizar a descida antes do fechamento do Parque.

https://oglobo.globo.com/rio/parque-nacional-da-tijuca-conscientiza-sobre-os-riscos-de-pernoite-nas-trilhas-23423069
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