Aeromodelo permitirá mapeamento de Estação Ecológica em São Paulo

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 12/01/2009
A tecnologia, aliada à criatividade, tem possibilitado a execução de um trabalho inédito feito pela equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade da Estação Ecológica Tupinambás, litoral norte de São Paulo. A unidade abrange aproximadamente 2.5 mil hectares, mas apesar de sua relevância ambiental, jamais dispôs de base cartográfica. No entanto, em breve, a área composta por ilhas, lajes e parcéis litorâneos será mapeada graças a imagens registradas por um aeromodelo que carrega um equipamento fotográfico encaixado em uma das asas.

A iniciativa é fruto de uma parceria com o arquiteto Alfredo Mafra, profissional engajado em causas ambientais. Cada vôo do aparelho gera cerca de 200 imagens em alta definição, que são baixadas para um notebook e, quando selecionadas, resultam em um farto material de mapeamento. O aeromodelo, patenteado como Asinha Alfredo Mafra é rádio-controlado, tem 1,70 metro de envergadura e pode atingir altitudes superiores a mil metros. O raio de ação do controle pode ultrapassar três quilômetros.

Embora tenha aparência frágil, o aeromodelo é valente. O equipamento trabalha em condições desfavoráveis para a aviação e suporta ventos fortes sem prejuízo algum à captação das imagens. A aeronave em miniatura não é operada na chuva, mas pode decolar com nebulosidade alta e fazer aproximação suficiente para se obter ótimos registros.

A novidade entusiasmou os analistas ambientais que atuam na Esec, pois o aeromodelo possibilitará que a equipe tenha a conformação exata das ilhas que compõem a Estação. O trabalho piloto começou no Arquipélago de Alcatrazes, que fica a 34 Km da costa e é considerado a maior maternidade de aves marinhas do sudeste brasileiro. O local ainda não possuía sequer uma imagem de satélite com boa resolução.

A analista chefe da Esec Tupinambás, Marli Penteado, conta que pesquisadores da Unicamp também já lançaram mão dessa tecnologia para trabalhar com georreferência. Mas, em unidades federais de conservação é a primeira vez que o instrumento é usado. "Nosso trabalho é criterioso, pois adaptamos o pequeno aparato para a área ambiental e para as necessidades de Tupinambás. Esperamos que outras unidades possam usá-lo em breve", diz.

O local de decolagem do aeroplano é marcado com GPS (Sistema de Posicionamento Global). "Após a captura das imagens, montamos um mosaico das fotografias para, daí então, fazer o georreferenciamento, ou seja, a inserção das coordenadas nas fotografias", explica Marli.

De acordo com ela, a obtenção de imagens por meio do aeromodelo tem baixo custo, quando comparado ao registro fotográfico feito de aviões ou helicópteros. "Como é um trabalho piloto, a unidade não precisou empenhar recursos, mas o arquiteto Alfredo Mafra, responsável pelo projeto, garante que o aeromodelo despende menos de um terço do que é gasto em fotografias feitas de aeronaves tradicionais", garante a analista.

No entanto, não é somente o custo reduzido que anima os servidores e pesquisadores da Esec Tupinambás. O aeromodelo se revelou um instrumento precioso na identificação da flora e fauna local, auxiliando, inclusive, na visualização de espécies. "O equipamento sobrevoa em várias altitudes e é capaz de registrar particularidades de plantas em ângulos diferentes, capturando até detalhes no caule e da base", acrescenta, empolgada, a chefe da Esec.

Os animais que habitam a Estação Ecológica Tupinambás também serão monitorados por meio do aeromodelo. "As fotos nos revelam características de locais que nunca receberam a visita do homem. Já estamos mapeando e identificando ninhos e ninhais e, o que é melhor, sem incômodo algum às aves e outros animais. O aparelho é capaz de fotografar objetos na mais íngreme rocha, pois a velocidade de aproximação é muito pequena e a saída é imediata após o registro", relata Marli.
UC:Estação Ecológica

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