Animais silvestres serão fonte de alimento e renda em Reservas Extrativistas

A Tribuna-Rio Branco-AC - 22/08/2002
As Reservas Extrativistas (Resex) de Cazumbá-Iracema, no Estado do Acre, e a de Tapajós-Arapiuns, no Pará, vão ser as primeiras no País a ter permissão do Ibama para criar animais silvestres destinados à alimentação e comercialização por parte das populações tradicionais.

As espécies utilizadas no projeto-piloto, inicialmente, serão a capivara e a queixada, cujas carnes apresentam baixos teores de gordura e grande apelo mercadológico. A proposta inédita tem o objetivo de aumentar a oferta de proteína aos habitantes das reservas e permitir a geração de renda com a venda do excedente de animais que serão criados em regime semi-intensivo (animais soltos em grandes áreas fechadas).

A infra-estrutura para receber o projeto já está quase pronta, segundo técnicos do Ibama. Para atender à legislação ambiental, as reservas extrativistas deverão se ajustar à legislação dos criadouros comerciais. A implantação do projeto será responsabilidade do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT/Ibama).

"A criação de animais silvestres para a população das reservas representa uma importante alternativa alimentar e dá condição para que a fauna da região se recupere, pois, mesmo com a finalidade exclusiva da subsistência (tolerada por lei), pratica-se uma modalidade de caça que pode comprometer o futuro das espécies nativas, visto que é feita sem a devida orientação técnica", afirma Atanagildo de Deus Matos, chefe do CNPT.

Pesquisas demonstram que 22% a 77% (53% na média) da dieta alimentar das comunidades extrativistas é suprida pela caça. Segundo Atanagildo, os planos de manejo que serão implantados nas reservas garantirão a manutenção ou mesmo a ampliação das populações de animais nativos de cada região. Nenhuma espécie ameaçada de extinção será usada nas Resex.

O Centro Nacional de Populações Tradicionais já está treinando os moradores das reservas para a prática correta do manejo de animais silvestres. Antes da implantação efetiva do projeto, os técnicos fazem amplo levantamento das espécies e da população de animais existentes.

Depois de iniciar e controlar os impactos ambientais. Com o acesso regularizado, espera-se que haja a recuperação de muitas espécies. Um amplo trabalho de informação e educação ambiental ocorrerá durante o desenvolvimento do projeto, garante a direção do CNPT.

No Brasil, existem 24 Reservas Extrativistas que somam quase 5 milhões de hectares de áreas protegidas - 4.122 milhões só na Amazônia - onde a exploração dos recursos naturais segue os parâmetros sustentáveis; as famílias têm garantia à terra; as comunidades são organizadas e capacitadas; a cultura é preservada e o meio ambiente conservado para as gerações futuras.

Mais de 50 mil pessoas se beneficiam diretamente com a existência das reservas extrativistas no País.No Acre já existem as Resex de Alto Juruá, Chico Mendes e Alto Tarauacá.

A reserva de Cazumbá-Iracema, onde será permitida a criação de animais silvestres para alimentação e comercialização, deverá ser implantada em breve, assim como a de Riozinho da Liberdade, segundo informações do Centro Nacional de Populações Tradicionais.
(-A Tribuna-Rio Branco-AC-22/08/02)
UC:Reserva Extrativista

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