Mais do que refúgios naturais de preservação da diversidade da flora e da fauna brasileira, os Parques Nacionais, administrados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, guardam surpresas que revelam parte da história do continente sul-americano e traços culturais de antigas civilizações que habitavam a região há milhares de anos. No Nordeste, os parques da Serra da Capivara, no Piauí, e de Ubajara, no Ceará, reúnem tesouros arqueológicos e belezas cênicas que impressionam e fazem os visitantes viajar no tempo. Para quem pensa em botar o pé na estrada no feriadão do 1o de maio, conhecer essas unidades é uma boa opção.
Ícone da arqueologia no País, o Parque Nacional da Serra da Capivara (PNSC), no sudeste do Piauí, guarda vestígios extremamente antigos da presença do homem no local. Pinturas e gravuras rupestres esculpidas em paredões de rocha, além de ferramentas e utensílios de cerâmica usados pelos antepassados representam aspectos cotidianos de comunidades que habitaram essas terras há pelo menos 50 mil anos, tesouros bem preservados que atraem turistas brasileiros e estrangeiros.
Encravado na caatinga e de portas abertas ao visitante, a unidade é considerada um dos maiores museus a céu aberto do planeta. Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, o Parna da Serra da Capivara abriga mais de 460 sítios arqueológicos cadastrados, 280 deles de pinturas ou gravuras rupestres. Os registros históricos reproduzem figuras humanas, animais, plantas, objetos e signos representados em diversos temas que faziam parte do dia a dia dos ancestrais que ali viveram.
Os sítios abertos para visitação, cerca de 128, podem ser contemplados em meio a belos cânions, encostas e formações rochosas esculpidas em rocha arenítica. Dezesseis deles oferecem acesso para pessoas com dificuldade de locomoção. Com pouco mais de 129 mil hectares de área, o PNSC ocupa parte dos municípios de São Raimundo Nonato, Brejo do Piauí, João Costa e Coronel José Dias. Sua infraestrutura é comparável a de parques internacionais, com sinalização, passarelas, iluminação, centro de visitantes e todo aparato necessário para se conhecer bem o lugar.
Na entrada da unidade está o boqueirão da Pedra Furada, cartão-postal e um dos sítios mais famosos do Parna, onde há registros de três diferentes tipos de pintura. Os mais dispostos podem trilhar caminhos mais longos e encontrar, além de vários outros sítios e marcas de comunidades pré-históricas, os mais ilustres moradores do parque, como macacos, cotias, gatos do mato e até a onça parda.
Os trabalhos de preservação do Parque Nacional e dos sítios arqueológicos são resultado de uma parceria entre o ICMBio, a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O município de São Raimundo Nonato, distante 40 km do parque, oferece infra-estrutura simples com hotéis, restaurantes e área de camping.
UBAJARA - Considerado um oásis em pleno sertão cearense, com temperaturas amenas que variam entre 16o e 28o, o Parque Nacional de Ubajara (PNU) recebe pesquisadores e visitantes dispostos a conhecer os maiores atrativos da unidade de conservação: suas cavernas. Localizado na Serra de Ibiapaba, a noroeste do estado e distante 340 Km de Fortaleza, o Parna tem vegetação exuberante e paisagens de tirar o fôlego em seus 6,2 mil hectares de área.
A Gruta de Ubajara, a mais famosa do parque, foi descoberta por volta do século XVIII, quando os portugueses procuravam minerais preciosos na região. Cercada de mistérios, a caverna fica em uma depressão de mais de 500 metros. Para chegar até ela, o visitante pode optar por um bondinho, o que lhe permite apreciar a paisagem deslumbrante que fica acima das rochas, ou caminhar por trilhas que o levam a um contato maior com a beleza natural do local, com destaque para cachoeiras e espécies da flora característica tanto da Floresta Tropical Amazônica quanto da caatinga.
A Gruta de Ubajara abriga galerias nas quais a visitação ainda não é permitida. Mas, a área aberta aos visitantes, cerca de 420m iluminados e percorridos sempre com o acompanhamento de guias ligados ao parna, dão a perfeita idéia do capricho da natureza no interior das formações rochosas. A cada passo, desenhos esculpidos naturalmente e formados com o passar de milhões de anos são apresentados aos turistas.
As cavernas do PNU também já impressionaram pesquisadores brasileiros por conta de um achado importante para a ciência. Em 1978, a equipe de espeleólogos da Universidade de São Paulo (USP) encontrou em uma delas um fóssil de urso que viveu na região há milhares de anos, indicando que o local teve clima frio em um passado remoto. A área da descoberta passou a ser conhecida como Gruta do Urso Fóssil e é restrita à pesquisa. A amostra do crânio encontrado está no Museu de Paleontologia da USP.
O parque conta com Centro de Visitantes, lanchonete e painéis explicativos. Na cidade de Ubajara, a três quilômetros da unidade de conservação, existem hotéis, restaurantes e pousadas.
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