Bodoquena cria primeira reserva privada

- 05/09/2007
O município de Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, conhecido pela beleza cênica de suas nascentes e morrarias, conta agora com sua primeira reserva privada. No dia 23 de agosto deste ano foi decretada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia SEMAC - a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cara da Onça, instituída em caráter perpétuo, com cerca de 11 hectares destinados à conservação da natureza.

A nova reserva localiza-se no assentamento rural Canaã, às margens do Rio Salobra, em frente à ‘Boca da Onça’, uma das maiores cachoeiras do estado com 156 metros de altura. Quase toda sua extensão é composta de mata nativa e está compreendida na zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Uma trilha de aproximadamente 2 km recebe esporadicamente a visita de moradores locais e vem despertando o interesse acadêmico-científico de várias áreas do conhecimento.

Gerson Jara, um dos proprietários da RPPN, espera que a criação da RPPN Cara da Onça possa impulsionar os proprietários do entorno a criarem suas próprias reservas. Ele explica que o objetivo principal da área é o desenvolvimento da pesquisa científica (histórica, cultural, biológica e turística), de forma a promover a integração entre o ensino e a extensão comunitária, por meio da recepção e visitação controladas. Pretendemos possibilitar o acesso equilibrado de visitantes e despertar na comunidade a vontade de preservar o meio ambiente, melhorando sua qualidade de vida a partir do turismo social e responsável, de atividades ecologicamente corretas e proporcionando a geração de empregos e renda para os assentados.

Sandro Menezes, gerente do Programa Cerrado-Pantanal da Conservação Internacional, destaca a localização estratégica da RPPN Cara da Onça. Por estar próxima ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena, permite o estabelecimento de conexões entre as áreas florestais do parque com remanescentes situados na sua respectiva zona de amortecimento, além de ser a primeira reserva privada no estado dentro de um assentamento rural. Ele enfatiza, ainda, o fato de a região ser visitada por turistas, o que pode favorecer a maior divulgação do papel das reservas privadas para a proteção da biodiversidade.

Com a reserva Cara da Onça, o Estado passa a ter 34 RPPNs oficialmente reconhecidas, assegurando a proteção de mais de 120 mil hectares de amostras de Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal em terras privadas. A criação da nova área contou com o apoio do Programa de Incentivo às RPPNs do Pantanal (1o edital), uma iniciativa da Conservação Internacional (CI-Brasil) e da Associação de Proprietários de Reservas Privadas (REPAMS). Lançado em 2005, o programa visa auxiliar proprietários rurais da Bacia do Alto Paraguai na criação e implementação de reservas particulares em suas terras.

Das áreas contempladas pelo 1o Edital (2005), quatro RPPNs estão em processo de reconhecimento e dez já têm finalizados seus projetos de implementação. Com as propostas aprovadas pelo 2o Edital (2006), o Pantanal ganhará mais cinco reservas privadas no estado de Mato Grosso do Sul, quatro reservas já existentes receberão auxílio para estruturar suas atividades e garantir a proteção dos recursos naturais.

O que é uma RPPN? Reserva Particular do Patrimônio Natural ou RPPN é uma categoria de Unidade de Conservação prevista nas legislações federal e do Estado de Mato Grosso do Sul, na qual a decisão de proteger recursos naturais e paisagens parte do proprietário, sem desapropriação. Criada em perpetuidade, sem restrição quanto ao tamanho, a RPPN pode abrigar atividades de pesquisa científica, turismo ou educação ambiental.
UC:RPPN

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