Bombeiros isolam últimos focos

CB, Cidades, p. 32 - 26/08/2007
Bombeiros isolam últimos focos
Varredura dos estragos ambientais começa hoje, após cinco dias de fogo, com avaliação das perdas de fauna e flora e prejuízos materiais. Umidade relativa do ar chegou a 12% em alguns pontos do DF

Fernanda Velloso
Da equipe do Correio

O incêndio que consumiu mais de 12 mil hectares do Parque Nacional de Brasília foi praticamente dominado ontem, quando a umidade relativa teve média de 16%, mas em alguns pontos no DF baixou para 12%. A previsão para hoje é que a umidade fique em 15% em média o que será a mais baixa do ano. Segundo técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia a umidade deve continuar baixa nos próximos dias. Segundo o chefe de comunicação social do Corpo de Bombeiros, major Rogério Santos, os dois focos que sobraram estão completamente isolados. "Ainda há militares combatendo chamas, mas esperamos começar a operação de rescaldo amanhã (hoje), que é fazer uma varredura na área para apagar pontos em brasa e evitar nova ignição do fogo", acrescentou.
De acordo com o major Rogério, as chamas que se aproximavam das chácaras próximas à Granja do Torto já foram extinguidas. Mas ainda há pequenos focos nas proximidades das ruas 4 a 8 do setor de chácaras do Lago Oeste. Ao todo, 15 mil hectares, ou 50% da área da reserva, estão comprometidos.
Ele confirmou que moradores estavam assustados e haviam preocupação entre os bombeiros na quinta-feira, o dia mais crítico do incêndio. Em uma das chácaras, a estudante Silvanice Alves de Paula, 18 anos, que mora há oito anos no "Vimos bichos correndo pela estrada para fugir do fogo.
Um casal de porco-espinhos passou perto daqui", contou a estudante, que mora no local há 8 anos. Outro morador parou no meio da pista para observar as chamas que cresciam. Desolado,o apicultor Euripedes Gonçalves Farias, 59 anos, lamentou a tragédia ambiental. "É um crime absurdo. Não estou pensando na minha propriedade, sei que o vento está do lado oposto e que o fogo não vai chegar. Estou preocupado com os animais", disse.
Apoio federal
Ontem pela manhã, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobrevoou o Parque Nacional de Brasília de helicóptero, conversou com os bombeiros e se reuniu com o administrador do parque Darlan Alcântara de Pádua. Segundo a ministra, "estamos sentindo os efeitos da mudança climática em todo o país: no Acre, em Rondônia, no Mato Grosso e no parque de Itatiaia, na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais também tivemos que combater o fogo neste ano", detalhou. A ministra lembrou que faz nove anos que não era registrado no DF um incêndio florestal tão grave. "Do ponto de vista da fauna e da flora, o prejuízo é muito grande", lamentou.
Marina Silva garantiu que o governo vai manter os esforços (mais homens do Ibama e da Brigada de Incêndio) para combater o fogo e monitorar a área. Segundo o administrador do parque, Darlan Alcântara, muitas espécies em processo de extinção sofreram mais baixas com o fogo, como o lobo-guará, as antas, tamanduás-bandeira, cachorros-do-mato e a onça-parda, sem contar as aves e outros bichos de pequeno porte. "Ainda não temos um balanço do prejuízo, estamos preparando um relatório, com ajuda do pessoal da Defesa Civil", ponderou.
O subsecretário da Defesa Civil, coronel Luiz Ribeiro, classificou o acidente como desastre de nível 2 (numa escala de 1 a 5). Explicou que em cinco dias deve sair o relatório com a avaliação dos danos causados pelo fogo.
"Vamos plotar (reprodução da área por desenhos) a área afetada em coordenadas por satélite para mensurar o estrago. Temos de avaliar também a questão da perda ambiental, dos gastos na operação para somar o prejuízo deste incêndio", explicou.
Cerca de 400 militares estão de prontidão no Comando Geral do Corpo de Bombeiros caso o incêndio volte a se intensificar.
Três helicópteros, 99 viaturas, quatro carros pipas são usados na operação para combater as chamas. Os helicópteros ajudaram a levar os brigadistas e bombeiros mais próximo dos focos de incêndio, o que acelerou o combate. As chamas que devastaram grande parte do parque começaram a consumir a vegetação na última terça-feira (21).
Para reforçar o combate ao fogo, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda decretou estado de calamidade pública. Por questão de segurança, os portões da Água Mineral permanecerão fechados para visitantes por tempo indeterminado.

CB, 26/08/2007, Cidades, p. 32
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