Caçador diz ter matado ambientalista por vingança

OESP, Nacional, p.A11 - 26/02/2005
Caçador diz ter matado ambientalista por vingança
Roberta Pennafort
RIO - "Fui eu." Foi assim que Leonardo de Carvalho Marques, de 21 anos, admitiu ontem, diante de jornalistas, ter assassinado o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Filho, há quatro dias, na área da Reserva Biológica do Tinguá. Marques foi preso pela Polícia Civil em casa, na tarde de quinta-feira, e assumiu o crime em depoimento. Ele afirmou que matou Júlio por vingança, porque ele denunciava suas atividades ilegais: a caça de animais e a extração de palmito. Garantiu ainda que matou sozinho, não foi pago por ninguém e não fez ameaças ao ambientalista anteriormente.
Os policiais chegaram a Marques pelo Disque-Denúncia. O caçador foi detido como suspeito um dia depois do crime, mas liberado por falta de provas. Na quinta-feira, novas informações levaram-no à prisão.
O depoimento de outro caçador, Alexander Barbosa de Matos, foi decisivo. Ele contou que em 2003, Júlio denunciou à polícia que Marques possuía 5 espingardas, para matar os bichos. Ele chegou a ser processado. Segundo Matos, duas semanas antes do crime, o caçador chegou a dizer-lhe: "Vou ter de matar um. Tem de cair um ou dois. Eles estão muito alcagüetes e já está passando da hora."
A polícia do Rio ainda apura se Marques agiu sozinho ou se o crime foi encomendado. Segundo sua tese, ele planejou o assassinato. Quando soube que a vítima participaria de reunião com moradores de Tinguá, na noite de terça-feira, resolveu esperá-lo na estrada e atirou quando Júlio passou por ele.
"Não temos dúvida de que foi o executor. Se há alguém por trás, não sabemos. Vamos investigar", disse o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins. Ele informou também que José Reis de Medeiros Alves, que foi detido quarta-feira, continuará preso por ter cometido outros três crimes. O delegado da PF Marcelo Bertolucci acha que Marques agiu a mando de alguém. "Pelas informações que estamos recebendo, existe outra pessoa por trás disso. Ele não está só, foi apenas o executor."
O deputado Alessandro Molon (PT), da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, concorda. "Conversei com muitas pessoas da região e elas disseram que há mandantes. Foi feita reunião para planejar as mortes. A de Júlio foi apenas a primeira", afirmou. Os próximos na lista seriam Márcio Castro, fiscal do Ibama, e o ambientalista Denilson dos Anjos. Molon já pediu proteção para ambos.
OESP, 26/02/2005, p.A11
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