O futuro das Ilhas Cagarras está em Brasília, aguardando definição. De olho na criação de mais um forte ponto turístico na região para o Pan-Americano de 2007, um projeto de lei de autoria do deputado federal Fernando Gabeira (PT), que propõe a criação do "Monumento natural do arquipélago das Ilhas Cagarras", já chegou à Comissão de Meio Ambiente do Congresso Nacional. A proposta tem o apoio de autoridades como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o prefeito Cesar Maia.
Gabeira disse que tentará incluir o projeto na pauta logo após a votação das reformas propostas pelo governo.
- A Marinha já ofereceu uma casa na Ilha Rasa que servirá de sede para a administração e o prefeito Cesar Maia disse que funcionários da prefeitura poderão trabalhar no projeto. A idéia é que para o Pan as Cagarras estejam a pleno vapor, com cursos de mergulho e recebendo barcos de turismo - diz Gabeira.
Uma das metas é transformar a área num pólo turístico auto-sustentável, preservando a fauna e a flora. A proposta de preservação inclui as ilhas Cagarras, Palmas e Comprida, assim como a área marinha num raio de dez metros. As ilhas Rasa e Redonda também estão no projeto. Para o prefeito, a cidade sairá ganhando:
- A prefeitura estará à disposição do projeto exatamente da forma que Fernando Gabeira desenhar.
Medidas para controlar acesso
O projeto de lei prevê a criação de um conselho consultivo para gerir o arquipélago, composto por representantes do poder público e da sociedade civil. Esta, porém, não é a primeira vez que são propostas regras para administrar as Ilhas Cagarras.
No fim de 2001, o Ministério do Meio Ambiente anunciou a intenção de implementar uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) no arquipélago, cumprindo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 1989. Depois, organizações não governamentais como o Viva Rio e pesquisadores desenvolveram estudos sobre a região. Em março de 2003, um grupo de trabalho do Ibama apresentou um documento sobre o arquipélago batizado de "Diagnóstico sobre a unidade de conservação das Ilhas Cagarras".
Atividades que perturbem fauna ficarão proibidas
Com a criação do "Monumento natural do arquipélago das Cagarras", atividades que ponham em risco o ecossistema serão restritas. Ficarão proibidas competições que perturbem a fauna aquática e as aves marinhas. Além disso, explosivos capazes de matar animais serão igualmente impedidos, assim como redes, armadilhas e acampamentos nas ilhas, hoje uma prática comum.
Para desenvolver o potencial turístico da área, favorecendo simultaneamente a preservação, Gabeira estuda ainda a proposta de um grupo alemão, que ofereceu um barco movido a energia solar para o transporte de pesquisadores até as ilhas. Além disso, pediu apoio ao Conselho Empresarial pelo Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro.
Turismo pode favorecer regeneração
Autor do livro "Mar do Rio: fronteira azul da cidade", que mapeia e apresenta o arquipélago das Cagarras, o fotógrafo e mergulhador Carlos Secchin vê no projeto de lei uma oportunidade de a cidade ser contemplada com ilhas protegidas, dotadas de um bom potencial para turismo ecológico sustentável.
- Do ponto de vista econômico, isso será vantajoso para o Rio, uma cidade de passagem obrigatória para turistas estrangeiros. Mergulha-se muito no mundo inteiro. Pode ser possível montar um sistema com operadoras de mergulho confiáveis na cidade, o que movimentaria a área e, ao mesmo tempo, a preservaria - comenta Secchin.
Segundo o fotógrafo, a freqüência nas ilhas, desde que bem planejada, vai facilitar a fiscalização.
- Atividades turísticas organizadas ordenariam o fluxo de embarcações e ajudariam a equilibrar a área, que está degradada. O mar tem boa capacidade de recuperação, basta que se feche o acesso a turistas por alguns meses - afirma Secchin.
UC:Monumento Natural
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