Convênio entre Vale e IEF prevê a recuperação do Parque da Ilha Grande

O Globo, Rio, p. 23 - 31/05/2007
Convênio entre Vale e IEF prevê a recuperação do Parque da Ilha Grande
Projeto inclui elaboração de plano de manejo limitando acesso de turistas

Daniel Engelbrecht

Ameaçada pelo turismo predatório e pela degradação ambiental, a Ilha Grande está prestes a entrar numa nova era de proteção e equilíbrio ecológico.

Companhia Vale do Rio Doce o Instituto Estadual de Florestas (IEF) assinam amanhã, com participação da prefeitura de Angra dos Reis, um convênio visando à recuperação das áreas degradadas do Parque Estadual da Ilha Grande, que abrange 12 mil dos 19 mil hectares do lugar. O projeto está dividido em três fases, incluindo elaboração de um plano de manejo com limites ao número de turistas. Somente na primeira fase, que prevê a criação de três áreas demonstrativas de reflorestamento, o investimento será de R$ 1,5 milhão.

A expectativa da companhia que, até o fim do ano, as três áreas, representando os ecossistemas da ilha - floresta, restinga e manguezal -, cada uma com cinco hectares, já estejam reflorestadas. Inicialmente, serão usadas mudas oriundas da Reserva Natural Vale do Rio Doce, em Linhares (ES), o maior viveiro de espécies da América do Sul. A curto prazo, no entanto, um viveiro também deve ser criado na Ilha Grande.

Espécies invasoras ameaçam plantas nativas
A segunda fase será a de elaboração e execução de projetos de recuperação, proteção e manejo das áreas afetadas do parque. Num estudo preliminar, foi constatado que, dos 19 mil hectares da ilha, 11 mil foram tomados por vegetação de capoeira, formada por arbustos e pequenas árvores, que se desenvolvem em áreas de pastagem abandonadas. Somente quatro mil hectares mantêm a floresta densa. Em diversos pontos, no entanto, espécies invasoras, como cipós e bambuzais, ameaçam a sobrevivência das plantas nativas.

A recuperação das áreas degradadas terá que ser um processo muito lento e cuidadoso. Em alguns pontos, será preciso somente replantar, enquanto em outros será necessário retirar espécies invasoras. E tudo isso precisará ser feito sob a perspectiva de que nove mil pessoas vivem na ilha e precisam saciar suas necessidades, mantendo inclusive a produção agrícola - diz o diretor do Departamento de Gestão Ambiental e Territorial da Vale do Rio Doce, Maurício Reis.

O turismo também passará pela análise do Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha Grande. Será determinado um limite de visitantes e que usos serão permitidos.

Uma iniciativa pioneira nesse sentido já ocorre na Praia do Aventureiro desde o início do ano, onde o número de campistas foi limitado pela Secretaria de Meio Ambiente de Angra.

A pequena Ilha de Cataguazes, perto do litoral de Angra, também terá o fluxo de visitantes limitado a 360 pessoas por dia, de acordo com a Fundação de Turismo de Angra (Turisangra), num prazo de 90 dias.

Custo da recuperação deverá ser de R$ 40 milhões
A estimativa da Vale é de que a recuperação total custe em torno de R$ 40 milhões. O valor viria de parcerias com entidades privadas e órgãos públicos, que financiariam, por exemplo, sistemas de saneamento básico e compostagem de lixo.

Quando assumimos o governo, constatamos que nossas unidades de conservação estavam muito mal geridas.

Queremos mudar essa concepção e o Parque Estadual da Ilha, que é uma jóia da Mata Atlântica, será o exemplo - conclui o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

O Globo, 31/05/2007, Rio, p. 23
UC:Parque

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Ilha Grande (PES)
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.