Correio do petróleo

Greenpeace - 09/09/2011
Quando, em 1983, o Brasil criou seu primeiro parque nacional marinho, o dos Abrolhos, ainda haviam poucas informações sobre a real extensão do que hoje é considerada a área de maior biodiversidade do Atlântico Sul.

Hoje, a ciência diz que é necessário estabelecer na região uma área de segurança de aproximadamente 93 mil quilômetros quadrados livre da exploração de petróleo para evitar que, em caso de vazamentos, o óleo afete a riqueza natural da região.

Foi com essa proposta que o Greenpeace Brasil enviou cartas às dez empresas com blocos de exploração na região de Abrolhos. Nelas, explicava a necessidade de estabelecer uma moratória da atividade petrolífera por 20 anos, tempo para o país rediscutir sua matriz energética e os riscos que esta indústria representa para Abrolhos.

As cartas foram enviadas em 26 de julho. Algumas semanas depois, apenas Shell e Sonangol tinham respondido ao Greenpeace. Depois, veio a resposta da Petrobras. Nenhuma delas declarou apoio à moratória.

A Repsol respondeu mais tarde. Curiosamente, sua carta chegou no dia em que o Greenpeace fez uma manifestação nos escritórios da Perenco, no Rio de Janeiro. A OGX, do mesmo modo, mandou uma resposta atrasada que saiu à fórceps, depois que nossos ativistas se acorrentaram na entrada da empresa, também no Rio, para exigir sua adesão à moratória. A carta da OGX é vaga. Por isso, os manifestantes resistiram por nove horas no local, até serem retirados à força pela Tropa de Choque da Polícia Militar.

Sem compromissos

Todas as cinco empresas que responderam às cartas do Greenpeace fugiram da discussão mais importante: o estabelecimento de uma moratória da exploração de gás e óleo da região de Abrolhos.

A Petrobras afirma que não explora petróleo em um raio de 50 km em torno do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, assumindo este como o limite legal da área de proteção ambiental.

Já a Shell saiu pela tangente. Afirmou não ter o controle de nenhum dos três blocos em que participa como sócia e, por isso, não pode decidir pelo destino das operações.

Atitude parecida teve a angolana Sonangol. Por ter concessões em terra, a empresa disse não ter nada a ver com Abrolhos, que está no meio do mar. Trata-se de uma grossa bobagem, já que seus blocos ficam em cima de bacias hidrográficas do sul da Bahia, cujas águas correm para o mar. Em caso de vazamentos, o óleo inevitavelmente seria levado em direção ao oceano.

A posição dos blocos foi também a desculpa da OGX. A empresa alegou que suas operações não representam riscos a Abrolhos, já que estão a uma distância de 150 km do Parque Nacional. Sem escutar os argumentos da ciência, a empresa ignora a presença de correntes marítimas que, em caso de acidente, arrastarão óleo por uma longa extensão.

Mapa interativo:

O mapa interativo abaixo apresenta a área que o Greenpeace pede que seja declarada livre da exploração de petróleo. Levando em consideração as correntes marítimas da região, os cientistas concluíram que um vazamento dentro desta zona pode atingir longas distâncias, afetando a maior biodiversidade do Atlântico Sul. Confira o mapa a seguir, saiba quem são as empresas com blocos de exploração de petróleo e entenda melhor a proposta de moratória.

[O mapa pode ser acessado em http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Correio-do-petroleo/]




http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Correio-do-petroleo/
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