Das 60 reservas, só 18 estão abertas oficialmente

OESP, Viagem, p. V14 - 19/09/2006
Das 60 reservas, só 18 estão abertas oficialmente
Chapada Diamantina e Jericoacoara, por exemplo, não têm autorização do Ibama para receber turistas

Camila Anauate

Reservas naturais criadas para proteger a natureza e desenvolver pesquisas ambientais, com cenários deslumbrantes e, portanto, potenciais destinos de turistas do mundo todo. O Brasil tem 60 lugares assim, chamados parques nacionais. Mas apenas 18 são oficialmente abertos à visitação.

'Os parques abertos são os que têm sistema de arrecadação autorizado', explica o diretor de Ecossistemas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Valmir Ortega. Ou seja, o que o turista paga para entrar nessas unidades de conservação vai direto para a União, que reverte os valores para o orçamento do Ibama, hoje de R$ 300 milhões - cerca de R$ 170 milhões para as unidades de conservação.

Com tal exigência, o turista talvez fique surpreso ao saber que o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA), da Chapada Diamantina (BA) ou de Jericoacoara (CE), para onde se vendem pacotes turísticos, não estão entre os 18 autorizados pelo Ibama. 'A maioria está em terras privadas. É preciso primeiro indenizar os proprietários e regularizar a situação fundiária antes de oficialmente abri-los à atividade turística', comenta Ortega.

Parques fechados representam perdas para o País. A falta de infra-estrutura provoca invasões de moradias irregulares, atividades econômicas ilegais e degradação ambiental. Perde o turismo ecológico. Deixam de se desenvolver as comunidades locais.

Pensando em reverter esse quadro, o Ibama criou o Programa de Visitação nos Parques Nacionais. A idéia é estruturar a visitação, incrementar recursos financeiros e fortalecer parcerias com a iniciativa privada. Mais do que isso, ampliar o número de turistas em todas as unidades de 2,9 milhões, em 2005, para 10 milhões, em 2010.

O PROGRAMA

Foram escolhidos para participar do projeto 24 parques, incluindo os 18 já em funcionamento. 'As áreas foram selecionadas por já contarem com plano de manejo, infra-estrutura e visitação relevante', justifica Ortega. Segundo ele, as 24 reservas estão divididas em três grupos distintos.

Primeiro, as que têm um nível de operação avançado, boa infra-estrutura e diversas atrações, como os parques nacionais de Iguaçu (PR), Itatiaia (RJ/MG), Abrolhos (BA), Fernando de Noronha (PE) e Serra dos Órgãos (RJ). Depois, as que precisam ampliar a visitação e resolver problemas fundiários.

Entre elas, estão as chapadas dos Veadeiros (GO) e Guimarães (MT). Por último, os parques com pouca infra-estrutura, onde é preciso melhorar o acesso e atrair mais investimentos, como Jaú (AM) e Lençóis Maranhenses (MA).

Para alavancar o funcionamento desses parques, o Ibama aposta na terceirização de serviços, o que traz novos produtos para a unidade e cria emprego e renda para as comunidades locais. 'Muitos parques estão em regiões pobres. O turismo trará um impacto econômico extraordinário', comenta Ortega.

O Parque Nacional do Iguaçu é o melhor exemplo do modelo. As diversas atrações são oferecidas por empresas privadas. Só no ano passado, os 1 milhão de turistas deixaram R$ 600 milhões na cidade.

Os parques Sete Cidades (PI), Tijuca (RJ) e Brasília (DF) também já contam com alguns serviços terceirizados. E já há licitação em outros três: Abrolhos (BA), Noronha (PE) e Serra dos Órgãos (RJ).

'Temos de melhorar a estrutura dos parques para atrair mais visitantes, desenvolver as economias locais e preservar as reservas biológicas', defende Ortega. 'Na Serra das Confusões, no Piauí, se houvesse 20 mil turistas todos os anos, o PIB local dobraria.'

OESP, 19/09/2006, Viagem, p. V14
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