Ecologistas querem rever demarcação de reserva

OESP, Geral, p. A9 - 10/07/2003
Decreto que aumentou área da Estação do Taim (RS) privilegia serrarias e impede ecoturismo.
Entidades ambientalistas gaúchas querem rever a ampliação da Estação Ecológica do Taim, anunciada pelo governo federal em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Em tese, elas deveriam comemorar o aumento da proteção aos banhados e campos, santuário de aves que abriga as maiores reservas de água doce do sul do Estado. Mas a redação do decreto contém uma série de erros: o traçado privilegia serrarias instaladas ao lado da unidade de conservação e a opção de ampliar a estação, em lugar de criar um parque nacional, exclui a visitação, inviabilizando projetos de ecoturismo.

"Defendemos o cancelamento do decreto e a criação de um parque nacional contíguo à estação no lugar da ampliação", disse Ney Gastal, presidente da Associação Brasileira para a Preservação Ambiental (Abrapa). A diferença é que um parque nacional admite visitação, enquanto a estação é restrita a pesquisadores autorizados. Na área de ampliação há dunas e lagoas propícios para trilhas e ecoturismo.

"O parque exclui a construção de balneários e casas, mas permite o turismo ecológico. E as áreas de nidificação das aves (onde elas fazem ninhos) não seriam perturbadas, porque continuariam dentro da estação", acrescentou Gastal. "Não há por que expulsar o público, mantendo a natureza como propriedade do governo, sem que ninguém possa passear ou fotografar."

No estudo Biodiversidade Brasileira do Ministério do Meio Ambiente, a ampliação da estação está entre as prioridades, mas como unidade de conservação de uso sustentável. A proposta é ainda menos restritiva do que o parque.

Limites - Localizada na estreita faixa de planície costeira entre a Lagoa Mirim e o Atlântico, nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, a estação foi criada em 1986, com 10 mil hectares, e teve sua área ampliada duas vezes: em 2002, quando passou para 33 mil hectares, e agora, quando chegaria a 110 mil. Mas a descrição dos limites é confusa, com polígonos que não fecham e incoerências na localização de algumas linhas, como a leste.

O novo traçado também inclui áreas de florestamento de pinus, árvore exótica que vem substituindo os campos naturais em toda a Região Sul, com conseqüências ambientais como perda da biodiversidade e alteração dos sistemas de drenagem (os pinus formam uma densa camada de serrapilheira, onde não cresce nenhuma outra espécie, e exigem muita água). As áreas de florestamento ficaram dentro da estação, mas serrarias que os beneficiam estão fora, prenunciando futuros conflitos.

Segundo Sérgio Brant, coordenador de Regularização Fundiária do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não há previsão de mudança de categoria. "Discutimos esta proposta de criação de um parque e achamos que a mudança de categoria não se justifica, dado o (baixo) volume de visitação." Ele admitiu que há problemas no texto do decreto, que já está sendo revisto, mas reitera que o status da estação será mantido. "Uma unidade mais restritiva protege melhor aves migratórias, espécies aquáticas e os diversos sítios paleontológicos existentes na faixa de areia, na área de ampliação."
(LIANA JOHN-Estado de São Paulo-São Paulo-SP-10/07/03)
UC:Estação Ecológica

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