Ecoturismo atrai turistas ao Cantão, paraíso natural do Tocantins

G1 - http://g1.globo.com/ - 03/10/2013
Cerrado, floresta amazônica e pantanal. No Tocantins, os três biomas podem ser encontrados em um único lugar, no Parque Estadual do Cantão (PEC). O local é uma unidade de conservação, com área demarcada de aproximadamente 90 mil hectares, que fica entre os municípios de Caseara e Pium, na região centro-oeste do Tocantins.

O parque, criado em 1998, foi aberto para o uso público esse ano, por meio do projeto Procantão, que consiste na proteção, uso público e monitoramento do parque. Ele é executado por meio de uma cooperação entre o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), o Instituto Araguaia e a Associação Onça d'Água.

Aprovado e financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), por meio do Tropical Forest Conservation Act (TFCA) - conta proveniente de um acordo com os Estados Unidos para investimentos na conservação e no uso sustentável das florestas -, o Procantão tem recursos de mais de R$ 611 mil, sendo R$ 327 mil do Funbio, até 2014.

O uso público do parque estava previsto no Plano de Manejo do Cantão [plano de uso racional do meio ambiente], como conta a diretora executiva da Associação de Apoio à Unidade de Conservação Onça d'Água, Fátima do Socorro Gomes Costa. "A ideia é fomentar o ordenamento da atividade turística", diz ela, lembrando que em Caseara o fluxo turístico existia em função da praia e não do ecoturismo. "O bioma amazônico que fica mais perto dos grandes centros é dentro do Tocantins. Assim, fica mais fácil conhecer a Amazônia pelo Tocantins", diz.

Ecoturismo

Com fauna e flores ricas, com 55 espécies de mamíferos, 453 de aves, 301 de peixes e 63 espécies de répteis, segundo registros informados pelo Instituto Araguaia, com os rios Araguaia e Coco, o Parque Estadual do Cantão está atraindo turistas, inclusive estrangeiros. Segundo a superintendente de Unidade de Conservação e Educação Ambiental da Onça d'Água, Paula Montenegro, só no mês de agosto deste ano foram registradas 826 visitas. E essa mudança reflete também na população local.

Moradores da região fizeram curso de formação para serem condutores de turistas e fazem o trabalho dentro do parque. "Não tem problema a visita, existe um plano de uso público determinando áreas restritas, produtos formatados e trilhas. O turista não pode ficar solto, tem que ter acompanhamento. A maior parte da área não se pode ir porque é de conservação."

Como a área é de conservação, não se pode cobrar pela visita, apenas os condutores [guias] recebem pelo trabalho oferecido, além disso há também operadoras que disponibilizam pacotes turísticos.

Jéssika Gomes, de 22 anos, uniu a boa relação com a natureza com a vontade de ganhar um dinheiro a mais e aceitou o convite de participar do curso de formação de condutores para atuar no parque. "É uma renda a mais, ainda mais porque a cidade não tem muito a oferecer."

O preço de um passeio básico, incluindo o guia e alimentação, é em torno de R$ 200. Esse valor varia, de acordo com o roteiro. "As pessoas saem satisfeitas daqui. É emocionante estar ali [parque]. Uma sensação boa", diz ela, que além de guia trabalha como ambulante.

Passeios

Para o passeio turístico foi criado o circuito Cega-Machado, composto por um grupo de trilhas com 7500 metros ao redor dos lagos da Benta, das Três Pernas, do Cega-Machado e da Cabana. Esse circuito pode ser dividido em dois trechos: a trilha ao redor do Lago da Benta (A) com 3500 metros; e a trilha ao redor dos lagos Três Pernas, Cega-Machado e Cabana (B) com 4000 metros.

De acordo com informações do Instituto Araguaia, para a abertura do uso público, as duas redes de trilhas existentes foram complementadas por bancos de madeira, sinalização e duas plataformas rústicas para observação da fauna. O parque recebeu uma canoa tradicional com motor elétrico, para atuar na modalidade de visitação, com especificações ideais em termos de baixo impacto e satisfação do visitante.

Conscientização

O diretor de turismo de Caseara, Ronan Ribeiro Almeida, diz que a prefeitura está investindo em ecoturismo, como pesca esportiva e trilhas de bicicleta, buscando inserir os moradores da cidade. "A relação da comunidade, no começo, era conturbada, porque áreas foram desapropriadas por causa do parque, mas agora com o uso público, a população está interagindo e entendendo que é uma unidade de conservação e como pode ser explorada para o turismo", observa, lembrando que muitos viviam da pesca e caça ilegais.

Cantão

A região do Cantão situa-se no extremo norte da Ilha do Bananal. A leste do rio Araguaia, no Tocantins, a vegetação é típica dos cerrados do Brasil central: um mosaico de campos naturais e pastagens plantadas, com florestas de galeria e buritizais e manchas de cerradão remanescentes. A oeste do Araguaia, no Pará, a floresta amazônica de terra firme chega até as margens do rio. A sudoeste do rio está o Pantanal do Rio das Mortes, no Mato Grosso.

A leste do Parque Estadual do Cantão no Tocantins há cerrado, com matas ciliares dos rios em geral bem conservadas. Esses cerrados chegam até as margens do rio do Coco, o limite leste do parque. A oeste, o rio Araguaia marca o limite da floresta amazônica: do outro lado do rio, no estado do Pará, ocorre a floresta ombrófila de terra firme, hoje intercalada com áreas desmatadas pelas grandes fazendas que vem ocupando o sul do Pará. Durante a seca, a formação de lagoas rasas repletas de peixes no interior do parque, onde se reúnem jacarés, jaburus e outras aves pernaltas, é outra característica da região de pantanais e campos alagáveis que se estende desde o Pantanal mato-grossense até o Cantão.

Acesso

Na entrada da cidade de Caseara, há um centro de visitantes, onde turistas podem ver fotos, vídeos e ter acesso aos guias que fazem passeios no parque. O local fica aberto de segunda à sexta-feira, do 12h30 às 18h30. Informações: (63) 3379-1438.



http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/10/ecoturismo-atrai-turistas-ao-cantao-paraiso-natural-do-tocantins.html
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