Em Destaque, as águas da Amazônia

Museu Paraense Emilio Goeldi - www.museu-goeldi.br - 01/03/2010
As águas da Amazônia não representam apenas 68% do volume hídrico existente no Brasil, são fontes de renda, crenças e locomoção. O Destaque Amazônia do mês de março faz uma homenagem às águas amazônicas, trazendo matérias que falam de pesquisas que as utilizam como suporte.

Estudo sobre o uso da aninga como fitoterápico e a arte da construção dos mais variados tipos de embarcações estão entre os temas das matérias desta edição. As transformações na pesca artesanal praticada na costa do Pará e a geração de mapas que atuam na prevenção e se prestam a planos de contingência em eventuais episódios de derramamento de óleo, como já ocorreu na região, são outros dos assuntos que a equipe da Agência Museu Goeldi produziu num inverno amazônico dos mais quentes.

Muito utilizada pelos ribeirinhos como cicatrizante e vastamente distribuída nas margens dos rios amazônicos, pouco se conhece sobre as propriedades químicas, terapêuticas e as atividades biológicas da aninga, Montrichardia linifera (Araceae). A mais recente edição do Destaque Amazônia aborda a pesquisa desenvolvida por Cristine Bastos do Amarante, da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia do Museu Goeldi: um "Estudo químico e farmacológico de Montrichardia linifera (Araceae)", revela a ocorrência de substâncias biologicamente ativas, revelando um potencial fitoterápico ainda a ser investigado.

A aninga é uma planta pioneira na formação de ilhas aluviais dos rios amazônicos e no estreitamento de canais dos furos do arquipélago do Marajó, na foz do Amazonas. Esse tipo de planta forma grandes populações vastamente distribuídas às margens dos rios e igarapés da Amazônia. De acordo com a pesquisa, testes de toxicidade sugerem que a aninga contém substâncias biologicamente ativas que justificam o uso tradicional empregado empiricamente pelo caboclo amazônico, em reconhecimento ao seu potencial fitoterápico, que merece ser investigado em estudos químicos, farmacológicos e toxicológicos.

A atividade antiplasmódica relativa à ação contra o parasita causador da malária também foi investigada. Nesse caso, alguns extratos das folhas da aninga inibiram mais de 80 % do crescimento do parasita. Ainda de acordo com a pesquisa, sabendo que as populações tradicionais amazônicas fazem uso das folhas amarelas da aninga na preparação de chás, estudos de composição mineral realizados em tais folhas revelam que os valores dos minerais estiveram muito acima dos limites estabelecidos para o consumo humano.

Embarcações amazônicas - O informativo bimestral do Museu Goeldi deste mês destaca também a carpintaria naval. Embora não seja artesanato propriamente dito, a carpintaria naval é uma atividade eminentemente artesanal. Os ribeirinhos amazônicos não têm estudos náuticos, mas são capazes de fazer embarcações de pequeno (cascos), médio (canoas) e grande porte (lanchas e barcos de pesca) com técnica apurada e navegabilidade comprovada.

Um estudo sobre a catalogação da matéria prima utilizada na carpintaria naval desenvolvida na Reserva Extrativista de Maracanã, no nordeste do Estado do Pará, foi desenvolvido por Carlos Junior sob a orientação de Jorge Oliveira, da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi. Segundo a pesquisa junto aos moradores da região, são 11 as espécies vegetais aplicadas na confecção de embarcações.

Surgida de uma ação de pesquisa mais ampla do Programa de Pesquisa da Biodiversidade (PPBio) e de projeto de bioprospecção, coordenado pela pesquisadora Graça Zoghbi, o estudo desenvolvido por Carlos Junior buscou não apenas fazer o inventário das espécies vegetais, mas também registrar fotograficamente as embarcações.

Memória da Pesca - As transformações na pesca artesanal do município de Vigia, nordeste paraense, são tema de outra matéria. O estudo desenvolvido por Regiane Monteiro Alves, bolsista de Iniciação Científica PIBIC/MPEG intitulado "Entre o tradicional e o moderno: as formas de mudança na pesca artesanal do município de Vigia" trata da elaboração de um catálogo descritivo sobre aspectos, especificidades e significados das memórias das embarcações no âmbito da atividade da frota do município.

Com uma economia ligada à pesca artesanal, Vigia representa o centro pesqueiro de maior importância do Pará. A modernização do trabalho de pesca na região e a transformação dos hábitos dessa comunidade provocaram a perda do modelo de embarcações antigas, do modo como se conserva os peixes e da preservação do meio ambiente.

Por ter pouca documentação sobre o assunto, Alves pretende levar até as escolas locais o catálogo, incentivando crianças e adolescentes a terem mais conhecimento a respeito de sua cultura e da principal atividade econômica no município.

Mapa para proteger a natureza - Quando se pensa na imensidão amazônica, logo vem à mente a necessidade de monitoramento do meio ambiente, principalmente em áreas onde há exploração, produção e transporte de substâncias com caráter poluente como o petróleo e seus derivados. O Destaque Amazônia traz matéria sobre pesquisa, realizada pelo Museu Goeldi, acerca dos "Índices de Sensibilidade Ambiental ao derrame de óleo dos sedimentos de fundo na região portuária de Vila do Conde - Barcarena - PA".

Desenvolvido pela bolsista Messiana Boulhosa, do Programa de Capacitação Institucional (PCI) e orientado pelo pesquisador Amílcar Mendes, da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia do Museu Goeldi, o estudo fez parte do projeto PIATAM-Mar - II (Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica).

Após dois anos de estudos, o mapa produzido pela pesquisa já pode ser usado em situações emergenciais e planos de contingência e para a proteção de ambientes sensíveis aos danos gerados por um eventual derramamento de óleo.

O Destaque Amazônia é um produto da Agência Museu Goeldi, do Serviço de Comunicação Social, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Você pode entrar em contato com a Agência Museu Goeldi pelo e-mail: destaqueamazonia@museu-goeldi.br

Confira a edição no http://www.museu-goeldi.br/Destaque_n43_marco10.pdf
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