Em Rondônia, a ameaça são os búfalos

Agência Amazônia de Notícias - www.agenciaamazonia.com.br - 21/08/2008
Depois da corrupção, agora são os búfalos de Rondônia que estão sem controle. E contra esses robustos animais de nada adianta a PF reproduzir os métodos utilizados na Operação Dominó.

A PF não pode, por exemplo, fazer escuta telefônica de conversas entre búfalos. Nem mesmo com autorização judicial.

Mas em alguns pontos a operação anti-corrupção e a dos vários orgãos públicos e ONGs envolvidos na anti-búfalo se parecem.

Ambas exgiram um trabalho de paciência.

No caso da anti-búfalos, começou há dois anos, usando aviões para avaliar o tamanho da população de búfalos.

O projeto tinha como objetivo principal a retirada de todos os animais da reserva Costa Marques.

O censo aéreo estimou que a população de búfalos selvagens na região do Guaporé, na fronteira com a Bolívia, seja de aproximadamente 4 mil indivíduos.

Divididos em grupos de 30 a 100 cabeças, os animais nunca tiveram contato com o homem e agora estão se reproduzindo em massa, destruindo uma reserva ambiental de 600 mil hectares protegida por lei.

Os pesquisadores ainda não conseguiram capturar nenhum indivíduo. Com os corruptos foi mais fácil. Em dois dias a Dominó prendeu 24 deles.

Em Rondônia é mais simples algemar o presidente do Tribunal de Justiça do que laçar um búfalo bravo.

"Os animais atacam até helicópteros que tentam pousar na floresta", diz Francisco Leônidas, biólogo da Embrapa em Rondônia.

Os búfalos são nativos da Ásia e foram introduzidos no Brasil inicialmente na Ilha do Marajó, que detêm 80% da população desses animais.

No Pará, e no resto do país, no entanto, os búfalos são domesticados, bastante úteis, e convivem pacificamente com o homem.

No caso de Rondônia, os búfalos do Vale do Guaporé (e a corrupção também) foram levados pela mão do homem.

Na década de 50, o governo de Rondônia teve a idéia de transportar 30 cabeças da Ilha de Marajó para a fazenda Pau D`Oleo.

O projeto imaginava que o rebanho produzisse leite e ajudasse a desenvolver as comunidades carentes da região.

Não deu certo e, em 1953, os 30 búfalos foram soltos na floresta.

Até então eram dóceis. O bando solitário seguiu para o Vale do Guaporé, uma região pantanosa.

No alagado, eles encontraram as condições ideais para a reprodução.

Hoje, 53 anos depois, os búfalos transformaram-se num grave problema ecológico.

As novas gerações são embrutecidas e violentas, mais ou menos como as novas gerações de corruptos.

Por onde caminham, os animais pisam pelo pântano, e acabam drenando o solo, destruindo diversos ecossistemas.

Em suma, como os corruptos de pedaço, são autênticos predadores.

Em algumas regiões, estão alterando os cursos d´àgua além de destruirem igarapés.

Para se ter uma noção da selvageria desses búfalos, uma manada de 20 deles entrou numa fazenda abandonada e se deparou com a sucata de um trator abandonado.

Ao ver a máquina um dos animais começou a chifrar o veículo.

"Eles nunca haviam visto um trator. Na imaginação deles aquilo era uma ameaça", relata Leônidas.

As autoridades de Rondônia tiveram a mesma reação diante da ação policial. Eles com certeza nunca haviam visto diante deles um delegado da Polícia Federal dando-lhes voz de prisão.

Também num outro aspecto os corruptos de Rondônia se parecem com a praga dos búfalos.

Uma equipe de pesquisadores franceses tentou laçar um dos búfalos do Guaporé para pesquisa.

"O problema é que, quando um deles é laçado, pelo menos cinco animais se voltam para enfrentar o laçador e salvar o companheiro", conta Leônidas. Como eles impõem medo, a saída é soltar o animal.

Enfim, é o mesmo corporativimo que logo, logo vai fazer a polícia desistir e mandar de volta pra casa toda a manada. E seja o que Deus quiser.
UC:Reserva Biológica

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