Empresa desmata área que seria transformada em parque no Paraná

FSP, Cotidiano, p. C8 - 18/06/2005
Empresa desmata área que seria transformada em parque no Paraná
Foi derrubado o equivalente a 253 campos de futebol

Afra Balazina

Uma área equivalente a 253 campos de futebol foi desmatada no Paraná. No local, o governo federal queria criar o Refúgio da Vida Silvestre dos Campos de Palmas. A descoberta do Ibama (órgão federal de meio ambiente), num vôo de helicóptero, gerou multa de R$ 1,3 milhão à empresa responsável pelo terreno, a Compensados Itamarati.

Mas o estrago já estava feito: foram cortadas espécies raras adultas da floresta, como araucárias, imbuias e xaxins. Depois, quase tudo foi queimado e, no fogo, morreram também animais -vivem na região aves ameaçadas, como o papagaio-de-peito-roxo.

Para o superintendente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves, 41, o governo federal está certo em criar UCs (Unidades de Conservação) no Estado para proteger as florestas com araucárias e tentar impedir práticas criminosas. A ministra Marina Silva anunciou em maio a criação de cinco UCs no Estado, mas a Justiça suspendeu o processo em liminares.

"Ou a gente toma uma posição séria em sua defesa ou então esse ecossistema vai se perder", disse Gonçalves. O superintendente apresentou um relatório ao Ministério do Meio Ambiente e pediu ajuda. "Preciso de um efetivo maior da Polícia Federal para investigar os crimes ambientais e do auxílio do Exército para remover as madeiras ilegais apreendidas."

A advogada da Compensados Itamarati, Jaquiline Lazzaretti, afirmou que irá recorrer da multa. De acordo com ela, a empresa tem uma autorização do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) para realizar a supressão da vegetação naquela área. Segundo Lazzaretti, a empresa atua desde 2002 na área. "Não houve tamanha devastação. Tenho certeza de que o sensacionalismo está relacionado à pressa de criar as unidades de conservação."

De acordo com o Ibama, porém, a autorização para corte do IAP que a Itamarati apresentou estava vencida desde maio e previa 9 hectares, não 181,9 hectares.

Para o professor de botânica da Universidade Federal de Santa Catarina João de Deus Medeiros, o desmatamento foi um ato de "vandalismo ambiental". Ele disse que a área tem florestas ligadas a campos, o que cria uma condição rica para a biodiversidade.

Medeiros, que integra a Rede de ONGs da Mata Atlântica, participou da força-tarefa do ministério para estudar as áreas onde as UCs seriam criadas. "Uma ação como essa traz um prejuízo ambiental incalculável", afirmou.

FSP, 18/06/2005, Cotidiano, p. C8
UC:Refúgio da Vida Silvestre

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