Empresa vende fósseis de Unidade de Conservação do TO

Amazônia.org - www.amazonia.org.br - 13/04/2010
A mineradora Pedra de Fogo teve seu comércio suspenso por uma liminar do Ministério Público Federal (MPF). Segundo a decisão judicial, a empresa de Goiás já extraiu e comercializou centenas de toneladas de fósseis de uma Unidade de Conservação (UC) do Tocantins, que é considerada por paleontólogos uma das mais importantes do mundo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Com o objetivo de explorar a área estadual Monumento Natural das Árvores Fossilizadas, em Filadélfia (TO), a empresa obteve, na década de 1990, uma licença do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para atuar no local, mas essa autorização foi posteriormente cassada. Desde então, a empresa vem coletando a madeira fossilizada para comercializá-la mundialmente pela internet, dizendo possuir as licenças. Uma liminar da Justiça Federal determinou, em março, o fim do comércio, mas o site de vendas segue no ar.

Segundo informações do MP, a Pedra de Fogo já retirou "caminhões" de fósseis da reserva e excedeu "várias vezes" a cota autorizada na época, de 70 toneladas. Na última sexta-feira, um depósito do material fóssil em Goiânia foi lacrado. Antes, em duas inspeções, foram encontradas 37 toneladas estocadas em Goiânia e em Tocantins, supostamente pertencentes ao dono da mineradora. A empresa também é alvo de uma ação civil pública.

Em seu site, a empresa informa que possui os direitos de comercialização "da primeira e única jazida legalmente registrada para a exploração mineral de madeira petrificada" no Brasil. A mineradora afirma que retirou da área 67 toneladas de fósseis, para os quais obteve licença, e chegou a extrair outras 82 toneladas que foram deixadas no local porque a autorização de comercialização não foi concedida.

Monumento Natural das Árvores Fossilizadas

A unidade de conservação abriga 32 mil hectares vegetais de até 299 milhões de anos, que foram "petrificados" após terem sofrido a ação de substâncias químicas, como a sílica. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) já encontraram no local partes de uma samambaia gigante que atingia dez metros de altura.

Cientistas tentam transformar o local em patrimônio natural da humanidade pela Unesco [United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization] e dizem que a região tem potencial turístico. A unidade de conservação, a 545 km de Palmas (TO), só foi criada em 2000. Ainda assim, propriedades particulares são permitidas na área. O Naturatins, órgão do governo do Tocantins responsável pela área, diz que acompanha a ação na Justiça e que mantém fiscalização da unidade. O site da instituição afirma que o comércio de fósseis na região é ilegal.

Um convênio entre pesquisadores do instituto de Geociência da Unesp e uma instituição da Alemanha foi firmado para estudar o local. Os estudiosos podem revelar detalhes sobre a vegetação no período geológico Permiano, quando os continentes eram unidos em um só. Análises preliminares verificaram que as árvores da unidade de conservação se assemelhavam mais às existentes na Europa do que às encontradas no Sul do Brasil.


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UC:Monumento Natural

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