Expedição reúne informações sobre espécies de peixes do Pantanal

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 16/11/2010
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta) acabam de compilar informações sobre a segunda expedição ao Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, unidade de conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Mato Grosso. Durante a expedição, realizada entre 21 de outubro e 1 de novembro, o grupo de pesquisadores especialistas em comunidade parasitária analisou 65 espécimes de peixes, componentes de 18 espécies.

As informações servirão para desenvolver um instrumento de monitoramento da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, por meio da estrutura da comunidade de peixes e da adequação do Índice de Integridade Biótica.

Para isso foram feitas coletas de peixes em 13 pontos, que representam diferentes estratos da paisagem pantaneira, formada por rios, baías e corixos. Os resultados estão sendo processados em parceria com o Laboratório de Biologia e Genética de Peixes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Botucatu.

Do total de peixes analisados, 57,6% estavam parasitados por pelo menos uma espécie de parasito. Entre elas o grupo de pesquisadores analisou o jaú, Zungaro jahu, presente na lista de espécies ameaçadas de extinção. Entre as espécies estavam o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), a cachara (Pseudoplatystoma reticulatum), o dourado (Salminus brasiliensis), três espécies de piranha (Pygocentrus nattereri, Serrasalmus marginatus e S. maculatus), a sardinha (Triportheus nematurus) e a corvina (Plagioscion squamosissimus), entre outros.

Todo o contexto que leva peixes a estarem com parasitos pode interferir na dinâmica de populações e influenciar na estrutura das comunidades, exercendo importante papel na seleção natural, o que pode levar a extinção ou não de espécies.

"Os parasitos podem ser um interessante indicador de mudanças na estrutura e função do ecossistema, como estresse ambiental, interação trófica, hipótese evolucionária e condições climáticas", explica o analista ambiental e pesquisador Paulo Sérgio Ceccarelli.

O estudo do parasitismo normalmente chama atenção pela patologia e a doença causada ao hospedeiro. A equipe acredita que os resultados obtidos nesta expedição, somada a outras anteriores, fecham gradativamente lacunas de conhecimento acerca da parasitologia de peixes no Pantanal.

A segunda expedição fez parte das ações do projeto Gestão da Biodiversidade da Iictiofauna Pantaneira: subsídios para monitoramento de UCs por meio de indicadores” e foi coordenada pelos analistas ambientais do Cepta, Carla Natacha Polaz e Paulo Sérgio Ceccarelli e pelo chefe do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, José Augusto Ferraz de Lima. Os trabalhos começaram em 2009 e o projeto foi aprovado para o quadriênio 2009-2012.

Participaram da expedição os pesquisadores do CEPTA/ICMBio Carla Natacha Polaz, Luis Alberto Gaspar e Leonardo Milano, a pesquisadora doutora da Universidade de Taubaté (Unitau), Sonia Maria Cursino dos Santos, o pesquisador doutor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Edson Aparecido Adriano, pesquisadora mestre da Unversidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Patrícia Barizon Cepeda, os pós-graduandos Bruno Melo e Ricardo Britzke da Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Botucatu) e equipe de apoio formada por Ricardo Afonso Torres de Oliveira, Benedito Aparecido Correia, Jairo Aparecido de Oliveira, Noel Donizeti Martins e Roberto Zólio.

Com esse trabalho, os pesquisadores esperam reforçar a elaboração de políticas públicas que visem à proteção e conservação da biodiversidade do Pantanal. Outra expectativa é de que tais estudos sirvam de ferramenta para a gestão e o monitoramento continuado da biodiversidade pantaneira, considerando-se que levantamentos sobre a biodiversidade parasitária, diversidade genética e estrutura de populações de peixes revelam como está a qualidade ambiental de um ecossistema.

SAIBA MAIS

Objetivos do projeto:

1) Desenvolver um instrumento de monitoramento da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, por meio da estrutura da comunidade de peixes e da adequação do Índice de Integridade Biótica;

2) Obter informações sobre diversidade genética e estrutura de populações de peixes do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense que subsidiarão programas de conservação e uso dessas espécies;

3) Caracterizar a paisagem e mapear as áreas a serem estudadas, gerando material (relatórios técnicos) para subsidiar o Plano de Manejo da UC.

4) Estudar as diferenças populacionais dos parasitos e a estrutura das comunidades parasitárias dos peixes, verificando padrões de aumento e/ou diminuição nos índices parasitários, e sua relação com alguns aspectos da biologia dos peixes, assim como sua diversidade e fatores que possam vir a influenciar os valores desta;

5) Propor ferramentas para a gestão e o monitoramento continuado da diversidade de peixes do Pantanal.

http://www.icmbio.gov.br/noticias/expedicao-reune-informacoes-sobre-especies-de-peixes-do-pantanal
UC:Parque

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