Falta de fiscalização facilira incêndio em reserva biológica

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ - 07/03/2003
Apesar de abrigar 130 micos-leões-dourados, uma das maiores populações silvestres da espécie no Brasil, a Reserva Biológica da União, em Rio das Ostras, na Baixada Litorânea do Rio, não é fiscalizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), segundo o analista ambiental do parque, Gustavo Luna Peixoto. Ele acredita que a falta de controle tenha facilitado o incêndio que, durante o Carnaval, destruiu 15 hectares de Mata Atlântica, o equivalente a 15 campos de futebol. Peixoto acha que caçadores de animais podem ter provocado o fogo.

O analista ambiental contou que o parque, que fica entre os municípios de Rio das Ostras e Casimiro de Abreu, conta apenas com o trabalho de quatro fiscais cedidos pela Reserva de Poço das Antas, na cidade de Silva Jardim, que fica distante 30 quilômetros. Eles vão até lá uma vez por mês, ficam uma semana e depois vão embora.

"A reserva existe desde 1998 e nunca teve fiscal do Ibama. Assim fica complicado", disse Peixoto, que trabalha na União há três meses e, neste período, já enfrentou dois incêndios - o do Carnaval e um no fim de novembro do ano passado, quando 10 hectares foram devastados. A área total é de 3.126 hectares.

O gerente do Ibama no Rio, Carlos Henrique Abreu Mendes, confirmou que não há fiscais suficientes. O Estado do Rio só dispõe de 90, que têm de cobrir as 15 unidades de conservação e a sede do órgão, na capital. "É muito pouco. Mas não é má vontade, é escassez de recursos", disse o gerente.

Ele espera que sejam chamados mais servidores que passaram no concurso do Ibama realizado no ano passado. Dos 610 que foram contratados, somente cinco vieram para o Rio, segundo Mendes. "Estamos lutando. Enquanto isso, contamos com a colaboração do Batalhão Florestal e do Corpo de Bombeiros".

Animais
O incêndio na União começou na segunda-feira e foi controlado na quarta passada. Atingiu mais a vegetação rasteira e não matou os animais, que se refugiaram na parte de cima das árvores, informou Peixoto. Além do mico-leão-dourado, habitam a região exemplares de macaco-barbado, preguiça-de-coleira, jaguatirica, jacaré-de-papo-amarelo, lontra e surucucu-pico-de-jaca. O analista ambiental acredita que caçadores de animais tenham iniciado o fogo, que se alastrou pela área que divide a reserva e a fazenda Três Marias.
(-Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ-07/03/03)
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