Em Bonito, Mato Grosso do Sul, o curso do Rio Formoso está sendo desviado ilegalmente. Um crime contra um santuário ecológico.
É uma fazenda de criação de gado. O canal leva água ao moinho para gerar energia. A comporta regula o volume do rio. Na margem, uma área de lazer. Mas o rio não era para passar por onde passa.
Há quase 30 anos, foi feito um desvio no Rio Formoso. Mas uma pequena quantidade de água continuava descendo pelo leito original, por isso a barragem não chamou a atenção das autoridades. Com a estiagem, o dono da fazenda represou a água para garantir o abastecimento.
"Que ele tirasse uma parte, um pouco da água do rio para tocar a turbina, mas não o rio inteiro", reclamou um morador da região.
Um braço do Rio Formoso sempre teve muitas corredeiras. Mas por causa da barragem feita na fazenda vizinha dá para andar a pé no leito. Há pelo menos uma semana, a água não passa no local. Até a cachoeira onde os turistas tomavam banho secou.
Segundo o Ministério Público, foi o dono de umas terras que denunciou o vizinho. A Justiça mandou destruir a barragem.
As máquinas reabrem o leito original. Mais de 60 toneladas de pedra foram retiradas.
Esse não é um caso isolado de devastação no Rio Formoso, conhecido por ser o mais visitado em Bonito.
"Muitas fazendas desviam a água por causa do gado, por causa da agricultura. Alguns fazem isso por causa do turismo, para criar piscinas, tanques e acabam fazendo esse desvio", explicou Fabrício de Souza Maria, da secretaria de Meio Ambiente.
O fazendeiro que desviou o curso do rio foi multado em R$ 150 mil. Para escapar de um processo civil, também fez acordo com a Justiça.
"Doamos uma área de 400 hectares, que se encontra locada dentro da Serra da Bodoquena, para o Ibama", contou o pecuarista Luiz Brito.
A área avaliada em mais de R$ 1 milhão vai ser anexada ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena. O fazendeiro se comprometeu, ainda, a recuperar a área que foi destruída. Outros pecuaristas da região também estão sob investigação.
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