FHC cria Reserva no Rio Jutaí

A Crítica-Manaus-AM - 17/07/2002
Ato foi assinado durante lançamento da Agenda 21, que define compromissos com ações de desenvolvimento sustentável no País.

O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou ontem a Agenda 21 Brasileira, documento elaborado pela sociedade civil, num período de cinco anos, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, em que estão definidos compromissos com o desenvolvimento sustentável do País. Durante solenidade no Palácio do Planalto, Fernando Henrique assinou também atos criando a Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no Estado do Amazonas; o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, localizado na divisa do Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins; a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, e criou o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, que abrange os Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. O presidente da República também recebeu a Enciclopédia da Floresta - Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos das Populações situadas no Amazonas.

A Reserva Extrativista (Resex) do Rio Jutaí tem extensão de 275.533 hectares, beneficiando 809 pessoas distribuídas em 116 famílias. A criação da Resex garante que os recursos naturais da região não sofrerão a ação predatória, permitindo à população tradicional que habita o local acesso ao crédito e à assistência técnica. O objetivo é que possa haver aumento da produtividade tornando viável a manutenção dos recursos naturais.

O extrativismo vegetal e a pesca são as principais atividades na área. Dentre as potencialidades produtivas da reserva do Jutaí destacam-se a produção de látex (borracha), extração de óleos vegetais de espécies de uso medicinal, como andiroba, copaíba, jatobá e a carapanaúba, e pescado.

A Resex do Rio Jutaí é a quarta criada pelo Governo Federal no Estado do Amazonas. Além dela, já foram criadas as reservas do Médio Juruá (Carauri), Baixo Juruá (Juruá/Uarini) e Auati-Paraná (Fonte Boa), em uma área total de 863.691 hectares. A borracha e a pesca são os principais produtos dessas reservas que beneficiam 2.996 famílias. O Ministério do Meio Ambiente estuda a criação de mais três Resex no Estado: a do Uatumã, Lago do Capananzinho (Manicoré) e Lago do Catuá (Tefé e Coari), com 454.956 hectares. Óleos vegetais, pescado e castanha são produtos que devem ser explorados pelas famílias.

Para o presidente do Ibama, Rômulo Melo, a Reserva Extrativista é um modelo de área protegida adequada às condições da Amazônia que permite não somente a preservação da área, mas também o uso sustentável pelas comunidades tradicionais. "Além de conservar, vai permitir que as comunidades sobrevivam com melhor qualidade de vida, usando os recursos naturais da região. A Amazônia está mostrando para o mundo como se faz preservação dos recursos", declarou Melo.

A Enciclopédia da Floresta - O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos das Populações relata a história e costumes dos povos da região do Alto Juruá, nos Estados do Acre e Amazonas. O livro foi concebido a partir do trabalho de pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) que, por oito anos, participaram do dia-a-dia das populações tradicionais que habitam o vale do Juruá onde, em 1990, foi criada a primeira Reserva Extrativista (Resex) do País.

São cerca de 8 mil pessoas entre seringueiros e índios das etnias Kaxinauá, Katukina e Ashaninka vivendo em uma área de 10 mil quilômetros quadrados
(Antônio Paulo-A Crítica-Manaus-AM-17/07/02)
UC:Geral

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