Floresta une ciência e povo na Amazônia

Agência Amazônia - www.agenciaamazonia.com.br - 04/04/2010
Implantada na Floresta Nacional de Caxiuanã (Flona) desde 1993, a Estação Científica Ferreira Penna, idealizada para produzir conhecimento científico sobre a região amazônica, é um exemplo de parceria entre a ciência e a comunidade. E dessa união nasceu o bem sucedido Programa de Desenvolvimento Sustentável Floresta Modelo de Caxiuanã.

A Flona de Caxiuanã é localizada no município de Melgaço, no Arquipélago do Marajó, a 400 km de Belém. É uma parte bem conservada da Amazônia e base de apoio para as pesquisas do Museu Goeldi e da comunidade cientifica nacional e internacional. A sua biodiversidade, aliada à infra-estrutura da Estação Cientifica, permite o desenvolvimento de projetos de pesquisa, com a produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado. Ali também são trabalhos de campo, seminários e visitas de alunos e professores de comunidades vizinhas à Floresta Nacional.

Criado pelo pesquisador Pedro Lisboa, tem um pouco de tudo para tornar a vida na floresta mais agradável. O programa concilia educação ambiental, o desenvolvimento de ações de saúde, resgate cultural, agricultura, manejo sustentável, agroindústria e infra-estrutura. Desenvolvido em parceria com as prefeituras dos municípios de Melgaço e Portel, o projeto foi responsável pela construção de escolas - um total de três - e a aquisição de barcos para transporte de alunos dentro da Flona Caxiuanã.

A Estação está situada numa área estratégica, tanto em diversidade ambiental como populacional. Ali também há comunidades carentes de muitos recursos, seno a informação qualificada o principal deles. Para combater esse problema pensou-se em desenvolver atividades para integrar as comunidades dessa região. Foi quando a pesquisadora Dirse Clara Kern idealizou as Olimpíadas de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã.

Em princípio, as Olimpíadas eram no formato de uma gincana onde a troca de saberes era realizada de maneira lúdica, entremeada com brincadeiras e jogos. Foram realizadas seis gincanas. Na sua quarta versão, a gincana passou a integrar o calendário da Semana de Ciência e Tecnologia. Em 2008, a ex-diretora do Museu Goeldi, Ima Vieira, sugeriu que a gincana passasse a se chamar Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã.

Critérios para participação

Os critérios para as crianças dos municípios de Melgaço e Portel participarem das Olimpíadas são elaborados conjuntamente com os professores da Flona de Caxiuanã e os gestores das Secretarias de Educação desses municípios. Alguns dos critérios que são levados em consideração são: desempenho escolar, assiduidade e comportamento.

A principal premiação das Olimpíadas é a agregação de valor ao conteúdo escolar, uma vez que há uma integração entre os pesquisadores do Museu Goeldi e de outras instituições de pesquisa que participam na realização do evento. Ao final de cada competição, as escolas participantes recebem um certificado. Uma das novidades das Olimpíadas em 2010 foi a apresentação de um produto final, organizado no formato de Feira de Ciências.

Além dos pesquisadores do Museu Goeldi, da Universidade Federal do Pará e da Universidade do Estado do Pará, a programação deste ano contou com a participação de Noé von Atzingen, biólogo e ambientalista, idealizador e presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, e Fabio Nauras Akhras, doutor em educação que atua como tecnologista do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), de Campinas.

A oficina ministrada por Nauras foi sobre linguagem áudio-visual, onde ele trouxe para as crianças a linguagem cinematográfica nacional e regional. Nauras debateu a função de recursos como trilha sonora, fotografia e diálogos. Segundo Nauras "é muito importante fazer esse tipo de evento em regiões como a Amazônia, afinal assim pode-se dar oportunidade para as pessoas participarem de coisas diferentes e isso é inclusão social".

Humanizar os pesquisadores

O biólogo e ambientalista Noé von Atzingen ministrou oficina sobre a sua vivência com a Fundação Casa da Cultura de Marabá, além de ter sido convidado para fazer uma avaliação da programação e realização das Olimpíadas. Segundo von Atzingen que participou da primeira fase do Programa Floresta Modelo, "logo no início, quando formulamos as ações, pensamos em atividades que levassem conhecimento e troca de informações as comunidades. Vejo as Olimpíadas como uma espécie de coroação dessa intenção".

Atzingen ressaltou que esse tipo de iniciativa é importante para humanizar os pesquisadores, uma vez que muitos ficam tão envolvidos com o desenvolvimento de conhecimento científico que acabam esquecendo-se de socializar o conhecimento e interagir com a sociedade. Tanto que durante as Olimpíadas todos os pesquisadores e funcionários do Museu tinham uma escala para ajudar a servir o café da manhã, almoço e o jantar das crianças e professores que estavam na Estação Científica Ferreira Penna.

Para as atividades de 2011, discute-se a possibilidade de haver duas edições das Olimpíadas, para tentar atingir um grupo maior de jovens, segundo Noé "o que ficou claro é que ações como essas do Museu Goeldi em Caxiuanã obrigatoriamente têm que extrapolar as fronteiras da Amazônia".

http://www.agenciaamazonia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=727:floresta-une-ciencia-e-povo-na-amazonia&catid=1:noticias&Itemid=704
UC:Floresta

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Caxiuanã
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.