Fogo destroi dez hectares de mata do Parque Nacional da Serra dos Orgaos

O Globo, Rio, p.11 - 13/09/2004
Fogo destrói dez hectares de mata do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Lilian Fernandes e Paulo Roberto Araújo
Peritos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começam hoje a apurar as causas do incêndio que queimou dez hectares do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Parada Modelo, sexta-feira. Os técnicos do Ibama trabalham com duas hipóteses sobre a origem do fogo: ele pode ter surgido no acostamento da estrada ou ser conseqüência de uma queimada em área de agricultura. Na última semana, incêndios destruíram 30 hectares de mata no Estado do Rio.
Área queimada equivale a 70 campos de futebol
O incêndio começou fora do parque, no distrito de Jacó, às margens da Estrada Teresópolis-Itaipava. Com a ação dos ventos, o fogo se espalhou rapidamente numa área equivalente a 70 campos de futebol. O gerente regional do Ibama, Édson Bedin, informou que o instituto, por meio do Prev-Fogo, tem feito um trabalho permanente de conscientização dos agricultores de propriedades vizinhas ao parque, explicando como controlar as queimadas nas áreas de plantio. Caso a hipótese da queimada se confirme, o responsável pode ser processado por crime ambiental. Entre as penas previstas estão o pagamento de R$1,5 mil por hectare queimado e a reclusão do culpado por até quatro anos.
Na última semana, além dos dez hectares do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, outros 20 hectares de matas e florestas foram destruídos na Floresta da Tijuca, no Parque da Pedra Branca e outras regiões entre Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. O comandante das unidades especiais do Corpo de Bombeiros, coronel Marcos Silva, afirma que as conseqüências teriam sido muito piores se os bombeiros não tivessem usado o avião americano Air Tractor AT-802F, comprado por US$ 1,7 milhão e que está em operação desde o início do ano. Equipado com um tanque de água de 3.100 litros, o avião faz o trabalho de 80 homens e é muito útil no combate ao fogo em escarpas. É capaz de pulverizar água sobre uma área de 800 metros em linha reta. Somente esta semana, fez 25 saídas.
Nas Reservas Biológicas de Poço das Antas e União, em Silva Jardim e Casimiro de Abreu, duas brigadas de incêndio (cada uma com 14 homens) estão mantendo plantão de 24 horas por dia para prevenir e combater incêndios nas florestas onde vivem os micos-leões-dourados. No último grande incêndio em Poço das Antas, em 2002, foram destruídos 1.200 hectares de mata.

Incêndios também em Itatiaia
Dicler Simões
Homens do Prev-Fogo, brigada de incêndio do Ibama, controlaram no início da madrugada de ontem o fogo que ameaçava a região do Vale do Pavão, entre o Pico das Agulhas Negras e Visconde de Mauá, no maciço de Itatiaia, no Sul Fluminense. Bombeiros do quartel de Resende também ajudaram no combate ao incêndio, de causa desconhecida, que destruiu uma pequena área de vegetação rasteira. Na atual estiagem, o maior incêndio ocorreu há 12 dias, no Alto dos Brejos, a 2.400 metros de altitude.
— O fogo foi provocado por invernadas de empregados de fazendas, que colocam o gado novo para pastar na reserva. Só com multa e apreensão de animais acabaríamos com isso. Mas faltam fiscais e carro para o trabalho — disse Paulo Manoel Santos, fiscal do Ibama.
Somente nesta semana houve oito pequenos incêndios no entorno do Parque Nacional de Itatiaia, todos provocados por queimadas. O risco é grande, pois o inverno rigoroso e a falta de chuvas deixaram a vegetação de altitude ressecada. A Prev-Fogo também combateu um incêndio na Reserva Nacional de Bocaina, na Serra do Mar, entre Rio Claro, Angra dos Reis e Bananal (SP).

O Globo, 13/09/2004, p. 11
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