Golfinhos buscam abrigo em arquipélago no Rio

OESP, Vida, p. A30 - 03/09/2005
Golfinhos buscam abrigo em arquipélago no Rio
Pesquisadores do Instituto Ecomama realizam estudo inédito sobre os hábitos dos cetáceos, que durante a primavera vão às Cagarras para amamentar os filhotes

Fabiana Cimieri

A proximidade da primavera anuncia a chegada de golfinhos-nariz-de-garrafa (ou golfinhos-flíper, em homenagem ao personagem do seriado de TV) e seus filhotes ao Arquipélago das Cagarras, conjunto de sete ilhas a 5 quilômetros da Praia de Ipanema, na zona sul do Rio.
Para estudar os hábitos dessa espécie, pesquisadores do Instituto de Estudos da Ecologia de Mamíferos Marinhos (Ecomama) começaram no ano passado um estudo inédito no País. Toda sexta-feira, biólogos e estudantes embarcam rumo ao arquipélago, onde identificam cada animal que aparece para estudar seus hábitos.
De acordo com dados preliminares publicados em congresso, os pesquisadores do Ecomama descobriram que os cetáceos preferem ir às ilhas entre agosto e dezembro, especialmente nos meses da primavera.
Eles observaram que as fêmeas da espécie Tursiops truncatus, nome científico dos golfinhos-flíper, vão às Cagarras no período de amamentação dos filhotes. "Elas usam a ilha como um ambiente de proteção e cuidados com a cria", disse o biólogo Luiz Mayerhofer, do Ecomama. No dia 19, foi a primeira vez neste ano que os golfinhos apareceram. A família, que incluía um casal e um filhote, já estava catalogada entre os 17 animais do grupo estudado pelo instituto.
Segundo Mayerhofer, o período do estudo, de pouco mais de um ano, ainda não permite afirmar que as fêmeas procurem o arquipélago para dar à luz. "Mas já vimos animais que parecem estar grávidos", observou.
MONUMENTO NATURAL
Agora, a luta do Instituto Ecomama é para que o Senado aprove um projeto de lei de autoria de deputado federal Fernando Gabeira (PV) para que o Arquipélago das Cagarras se transforme em Monumento Natural Federal. Hoje, apesar de ser considerada uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), a pesca predatória continua a ameaçar as espécies animais e vegetais que formam a rica biodiversidade do lugar.
"Não comemoramos a chegada dos golfinhos porque eles são bonitinhos, mas porque sua presença significa qualidade ambiental", disse Mayerhofer. Os animais são considerados "topo de cadeia", ou seja, "diversos organismos se beneficiam deles".
O biólogo ressalta que a permanência dos cetáceos no arquipélago está ameaçada pela pesca predatória e pelo turismo. Segundo ele, a pesca com redes é proibida, mas mesmo assim é praticada por pescadores, alguns dos quais acampam nas ilhas durante a semana, o que também é proibido. Outros vão ao arquipélago caçar espécies ornamentais para revendê-las em terra.
É por isso que o Ecomama desenvolveu outra atividade durante as visitas às ilhas: a educação ambiental. A falta de fiscalização levou os pesquisadores a abordar outras embarcações. Eles falam sobre a importância da preservação do ecossistema, o que nem sempre dá resultado.

OESP, 03/09/2005, Vida, p. A30
UC:Monumento Natural

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