Ibama deve permitir caca de jacares em reserva de Rondonia

FSP, Geral, p.A10 - 29/04/2004
Ibama deve permitir caça de jacarés em reserva de Rondônia Os répteis, que podem chegar a 200 mil, estão atacando pessoas e animais domésticos
NILTON SALINA Especial para o Estado
PORTO VELHO - O Ibama inicia no próximo mês um mapeamento na Reserva Extrativista do Cuniã, a 130 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia. É o primeiro passo para liberar a caça aos jacarés existentes na região. A reserva ocupa uma área de 55.850 hectares, o equivalente a quase 7 mil campos de futebol. Essa imensidão abrigaria atualmente quase 200 mil jacarés, que já começaram a atacar ribeirinhos.
A analista ambiental do Ibama, bióloga Sônia Helena Mendonça, disse que a pressão dos moradores da região pela liberação da caça aumentou depois que uma criança foi devorada, no começo de janeiro. "Mas para que a caça seja permitida é preciso primeiro contar os animais. Isso só será possível a partir de junho, quando o nível das águas baixar." A bióloga não confirmou o número de jacarés existentes na região do Cuniã. "Os ribeirinhos falam em 200 mil, mas é impossível precisar. Lá existem mais de 60 lagos, que ficam emendados durante o período de chuvas. Estive no local há um mês e vi muitos jacarés. Não medimos nenhum, mas sabemos que no zoológico de Porto Velho há um de 5 metros." O animal do zoológico é um jacaré-açu, da mesma espécie que devorou Felipe Souza da Silva, de 5 anos, no lago Cuniã. A mãe do menino, Lucineide Lopes da Silva, de 27 anos, conta que estava lavando roupas no lago, e desmaiou quando viu o garoto sendo atacado. "Quando vi o bicho, gritei para que meus filhos saíssem da água. Dois escaparam, mas a menos de 1 metro do barranco Felipe escorregou."
O número de jacarés começou a aumentar no Cuniã depois que a caça foi proibida, em 1967. Os filhotes ainda têm predadores naturais, como cobras, aves e jacarés de outras espécies, mas depois de adultos eles dominam o lago. Nenhum deles é maior do que o jacaré-açu, que segundo os moradores chega a pesar 500 quilos. Segundo os ribeirinhos, eles também saem da água para devorar cachorros.

OESP, 29/04/2004, p. A10
UC:Estação Ecológica

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