Ibama lança Campanha contra gado em unidade de conservação e faz doação ao Fome Zero

Ibama/RJ - 15/12/2006
Rio de Janeiro/RJ (15/12/06) - Nesta próxima segunda, 18, no auditório do SESC de Madureira, às 14 horas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) lança a Campanha Gado Zero, pioneira no combate à formação de pastagens em unidades de conservação ambiental.

Simultaneamente, a Superintendência do Ibama no Rio de Janeiro realiza a doação um caminhão frigorífico carregado com catorze toneladas de carne de gado apreendido no Parque Nacional da Bocaina ao Programa Fome Zero.

As 74 cabeças de gado foram apreendidas durante a Operação Ceriá, uma ação conjunta de fiscalização em Angra e Paraty realizada no início de 2006. Os animais foram encontrados perambulando pelo parque e levados a uma fazenda, enquanto se tentava identificar os proprietários. Ninguém apareceu.

Após análises jurídicas, o instituto decidiu fazer a doação ao Fome Zero. Na prática, o Banco Rio de Alimentos do SESC-ARRJ, entidade de assistência social sem fins lucrativos parceira do Fome Zero, vai receber o gado já beneficiado em alimento equivalente a catorze toneladas de alimentos.

Na ocasião de lançamento da campanha Gado Zero será apresentado o primeiro Manual de Procedimentos e Normas de Apreensão de Gado em Unidade de Conservação. O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, informa que a campanha vai distribuir folders e veicular spots em emissoras de rádio explicando ao proprietário que deixar suas criações pastarem em unidades de conservação é crime ambiental.

Também serão avisados do risco de apreensão dos animais e provável destinação ao Programa Fome Zero. A campanha prevê ainda elaboração de um manual de orientação para chefes das unidades de conservação, definindo procedimento padrão para a retirada de animais domésticos das áreas de proteção integral.

A presença de animais domésticos em parques nacionais é proibida pela Lei 9.985/00 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Segundo o Superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, explica que são muitos os prejuízos ambientais advindos desse tipo de atividade e que esse problema não é exclusividade do Estado do Rio de Janeiro.

"É um dilema nacional variando apenas a espécie dependendo da região e precisa de uma mobilização maciça". Jumentos pastam no Parna de Jericoacoara, no Ceará. Nos parques do Piauí, os caprinos são os invasores. Esses animais alteram os recursos naturais da unidade e impedem a regeneração da vegetação nativa. "No rastro do gado e do pasto, há iminência de queimada", explica Flávio Montiel.

Devastação Ambiental - De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC, é crime ambiental a presença de gado em UC, porque a atividade altera completamente e muitas vezes, irreversivelmente, a fauna e a flora. Para a formação do pasto, é necessário queimar a mata, plantar braquiária, uma espécie de erva daninha que se alastra e toma conta da vegetação original, para, em seguida, o gado ser inserido.

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira- SVB, a Amazônia é um ótimo exemplo disto. Segundo ela, a cada ano são destruídos vários alqueires destas florestas. No entanto, ao contrário do que se pensa, as madeireiras, as rodovias e a ocupação desordenada desempenham apenas um papel secundário nesta destruição. A principal causa foi e continua sendo a remoção das florestas para dar lugar à cultura de soja que será utilizada para alimentar o gado de países desenvolvidos, ou para formar pastos que alimentarão o gado brasileiro.

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Serra da Bocaina
  • UC Jericoacoara
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