ICMBio debate crimes ambientais em Gurupi

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/ - 28/08/2015
Governo federal e do Maranhão se reúnem com gestores e conselheiros


Nesta sexta-feira, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) promoveu uma reunião para avaliar a situação dos conflitos agrários e crimes ambientais na Reserva Biológica do Gurupi (MA), Unidade de Conservação federal administrada pelo ICMBio.

Na terça-feira passada (25), dois conselheiros comunitários da Reserva Biológica do Gurupi foram vítimas de um ataque criminoso, na cidade de Bom Jardim, distante 275km de São Luis. Atingido por tiros e facadas, Raimundo dos Santos Rodrigues faleceu. A esposa dele, Maria Da Conceição Chaves, está internada sob proteção policial, em Açailândia. A conselheira já prestou depoimento para a Polícia Federal, responsável pela investigação do atentado.

Nota de pesar do ICMBio

De acordo com a PF, o crime pode ter sido uma retaliação às ações recentes de fiscalização, realizadas pelo ICMBio, na Reserva. Na operação, iniciada em 13 de agosto, dois infratores foram presos e equipamentos dos madeireiros foram apreendidos.

"Estamos aqui no Maranhão para apoiar os conselheiros e gestores da Reserva Biológica do Gurupi e para promover uma articulação com a Polícia Federal, governo do Maranhão, Polícia Militar (MA) e a sociedade civil para enfrentar os problemas", afirma o presidente do ICMBIo, Claudio Maretti. "Não vamos recuar nas ações de combate aos crimes ambientais e não podemos aceitar que os conselheiros e servidores da UC continuem sendo ameaçados e atacados", adverte Maretti.

O encontro em Açailândia (MA), reuniu representantes da Polícia Federal (PF), governo do estado do Maranhão, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), movimentos sociais, agentes de fiscalização, conselheiros e gestores de Unidades de Conservação e da Coordenação Regional (CR-4) do ICMBio.

Crime organizado

As quadrilhas de madeireiros atuam na região, desde antes da criação da Reserva Biológica do Gurupi, em 1988. São organizações bem estruturadas, com grande poder econômico e ramificações em estados vizinhos. "Eles extraem ilegalmente cerca de 500 metros cúbicos de madeira, por dia, da Reserva e de terras indígenas vizinhas", estima o chefe da Reserva Biológica do Gurupi, Evane Lisboa.

A madeira alimenta as mais de 20 serrarias de Buriticupu (MA), todas operando de forma ilegal. O produto destas serrarias é vendido com documentação falsificada para empresas no Brasil e no exterior.

Os madeireiros recorrem à violência e a ameaça, rotineiramente, para intimidar os moradores da região e evitar denúncias contra as práticas ilegais. Nas Reservas Biológicas, não é permitido desenvolver atividades econômicas, como agricultura e extração de madeira. A atuação das quadrilhas está causando sérios danos ambientais e colocando espécies em perigo, como a onça-pintada, ameaçada de extinção.

Os representantes da sociedade manifestaram apreensão com o aumento da tensão na região. "Outros conselheiros também foram ameaçados. É preciso traçar uma estratégia que não atenda apenas momentaneamente a situação. Senão, vamos perder mais pessoas", adverte a representante do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, Ivanete Sousa.

"A situação da região não será revertida em um ano. Não vamos mais fazer ações pontuais que não solucionam o problema", explica o superintendente da PF no Maranhão, Alexandre Saraiva.

"Estamos trabalhando para desarticular a organização criminosa que conta até com servidores de órgãos ambientais. Inclusive, vários destes agentes corruptos foram presos na operação "A ferro e fogo 1 e 2", recentemente", conclui Saraiva.

"Quero que os conselheiros saibam que podem contar com a Polícia Militar Ambiental, apesar dos poucos recursos que temos. Estes crimes afetam todos nós, afetam o mundo. A resposta vai ser dada a altura" promete o sub-tenente Morgado, da Polícia Ambiental do Maranhão.

Encaminhamentos

Para avançar nas ações de combate aos crimes ambientais, uma nova reunião entre o ICMBio, o governo do Maranhão e a Polícia Federal deverá acontecer, nos próximos dias. "Vamos intensificar as ações de fiscalização na região", planeja o presidente Maretti.

"A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República já foi informada sobre a situação e começamos os entendimentos com a Polícia Federal e Polícia Militar do Maranhão, visando uma estratégia mais duradora", complementa Maretti. "A médio prazo, esperamos avançar também na regularização fundiária - com o estado e a União - para ter uma situação mais tranquila na região", conclui.



http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/6963-icmbio-debate-crimes-ambientais-em-gurupi.html
UC:Reserva Biológica

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