Incêndios ameaçam a Chapada Diamantina

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/ - 21/12/2015
250 pessoas e 13 aeronaves trabalham todos os dias na região

Lençóis, BA (21/12/2015) - Amor à natureza. Esta é a motivação de Elanio Alves, um dos brigadistas contratados pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina, unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). "Desde pequeno tenho este instinto. Quero proteger os rios e tudo mais", explica. Nascido no município baiano de Palmeiras, em pleno sertão nordestino, Elanio atua como chefe de brigada e fala com orgulho do trabalho que faz no Parque: "Estamos chegando junto. Temos conseguido apagar vários focos de incêndio". Todos os anos, o ICMBio capacita e contrata brigadistas para as atuar na prevenção e no combate a incêndios, em unidades de conservação.

Desde novembro, brigadistas, bombeiros e voluntários trabalham em várias frentes para apagar as chamas que já consumiram mais de 23 mil hectares do Parque Nacional (até 18/12), área equivalente a 15 por cento do total. Na comparação com os anos anteriores (2011 a 2014), o período seco de 2015, foi maior e mais intenso por causa do fenômeno climático El Niño, que interfere no clima de forma global.

"Nos últimos anos tivemos menos chuva na região. Além da vegetação estar muito seca, há o acúmulo de material orgânico no solo, que propaga o fogo rapidamente", afirma o chefe do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Cezar Gonçalves. "O Parque tem áreas de difícil acesso, como serras e desfiladeiros, onde o combate ao fogo se torna ainda mais complexo. Para solucionar o problema definitivamente, dependemos das chuvas que deveriam tem começado há mais de um mês", conclui.

"Alguns tipos de vegetação são mais resistentes à ação do fogo e se recuperam mais rápido", explica a coordenadora substituta de Emergências Ambientais do ICMBio, Angela Barbara Garda. "As áreas prioritárias para os combates ficam nos municípios de Palmeiras e Lençóis [norte do Parque], onde a vegetação é extremamente sensível ao fogo", destaca.

Cooperação institucional

Cerca de duzentas e cinquenta pessoas atuam nos incêndios, em diferentes pontos do Parque. Além dos 42 brigadistas contratados pelo ICMBio, trabalham no combate ao fogo: 170 bombeiros militares (126 da Bahia e 44 do Distrito Federal), 40 brigadistas do PrevFogo/Ibama e cerca de uma centena de brigadistas voluntários da Bahia, Espírito Santo e do Distrito Federal. Diariamente, as equipes se reúnem para avaliar o trabalho realizado e planejar as próximas ações.

"A situação é grave e o trabalho vai continuar até o final de janeiro, pelo menos. A parceria com estas instituições é fundamental para aumentar nossa capacidade de enfrentar o fogo e evitar danos ambientais ainda mais graves", afirma o presidente do ICMBio, Cláudio Maretti, que visitou a Chapada Diamantina, no fim da semana passada. "As brigadas voluntárias conhecem bem a região e são muito competentes. Eles têm feito um ótimo trabalho", elogia o presidente.

O argentino Augusto Galinares vive há dezenove anos no Brasil e é presidente da Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (Bral), uma das associações de voluntários que atuam na Chapada Diamantina. "Ouvi falar de um lugar diferente, bonito e vim de mala e cuia para morar aqui, mesmo sem conhecer o lugar", conta Augusto. Augusto é também marceneiro e guia de trekking para os turistas que visitam o Parque. A Bral participa do combate a incêndios na região, desde 1998 e tem hoje 25 associados. "A relação entre bombeiros, voluntários e a sociedade é muito legal", afirma Galinares. "Mas, precisamos de mais apoio do poder público, principalmente capacitação e equipamentos", reivindica.

Estrutura e planejamento

Além dos equipamentos individuais, as equipes contam com o apoio de oito aviões e cinco helicópteros contratados (pelo governo da Bahia e pelo ICMBio) que juntas realizaram mais de 1.500 horas de voo, nos últimos dois meses. Todos os dias, as aeronaves realizam voos de reconhecimento, fazem mais de 100 lançamentos de água sobre o fogo e transportam os brigadistas até locais próximos aos incêndios, evitando o desgaste das longas caminhadas e tornando o trabalho mais ágil e eficiente.

Em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), ambos da Bahia, e com o Ibama, o ICMBio vai elaborar um plano de ação para a prevenção e combate ao fogo no Parque Nacional da Chapada Diamantina. "A falta de chuva deste ano pode aumentar o risco de incêndios na região, também no ano que vem", adverte Maretti. "Após este momento de emergência, vamos ampliar as parcerias com os órgãos ambientais locais e federais, visando implementar ações preventivas para evitar grandes incêndios e assim, protegermos as áreas de maior relevância ecológica", planeja o presidente.
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