Índios denunciam ameaça de narcotraficantes, na fronteira

A Gazeta-Rio Branco-AC - 21/05/2004
Três índios Apolina-Arara, da reserva Arara, do Alto Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo, estão marcados para morrer, segundo relato do cacique Francisco Siqueira em documento enviado ao administrador da Funai no Acre, Manoel Gomes da Silva, ao comandante do 4o BIS, João Falcão Neto, ao capitão da 1ª Cia de Fuzileiros de Selva, Aldemir Ferreira da Paixão e ao delegado da Polícia Federal em Cruzeiro do Sul, Cláudio Ribeiro Santana. As ameaças estariam sendo feitas ao próprio Francisco Siqueira, cacique da tribo, Francisco Cordeiro, conhecido por "Perepeta" Leonardo Vieira, conhecido por "Lio Vieira".

A denúncia, assinada também por Getúlio Gomes de Oliveira e Antônio Siqueira, pede a tomada de providên-cias o mais rápido possível por parte das autoridades para investigarem as ameaças, que segundo eles, estaria partindo de narcotraficantes peruanos. Os povos indígenas afirmam que, em abril deste ano, cerca de 20 homens peruanos, traficantes de drogas e conhecidos também como terroristas, foram até às margens do Rio Amônia para matá-los por saberem que foram denunciados pelos índios.

De acordo com as denúncias, Leonardo Vieira estaria entre os acusados devido à instalação de uma radiofonia em sua casa. Os traficantes, segundo relata o documento, teriam chegado até a aldeia através dos rios Putaya e Cayãja, que fazem limites com o Acre. "Queremos que a polícia freqüente mais os caminhos de acesso ao Peru. Alguns desses caminhos dos traficantes estão dentro da nossa área e precisamos acabar com isso", disseram os denunciantes.

A carta também foi enviada ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), União das Nações Indígenas (UNI), Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal.



Polícia Federal começa a ouvir denunciantes

O delegado da Polícia Federal em Cruzeiro do Sul, Cláudio Ribeiro Santana, disse ontem que esta semana ele iniciou o processo de investigação sobre as denúncias de ameaças de morte aos três caciques indígenas. Segundo Cláudio, o primeiro ouvido foi o cacique Francisco Siqueira, que reafirmou todas as denúncias. Ele informou ainda que o Exército mantém 30 homens na área de fronteira e tem se emprenhado ao máximo para evitar conflitos maiores na região.

O delegado informou que todas as declarações prestadas à Polícia Federal em Cruzeiro do Sul serão encaminhadas à Superintendência Regional e que todos os envolvidos serão ouvidos no decorrer da investigação. A "Polícia Federal estará inaugurando um posto de controle de fronteira entre os dias 15 e 30 de junho na área de fronteira entre o Brasil e o Peru", disse Cláudio Santana. De acordo com o assessor de comunicação da Polícia Federal no Acre, Luis Carlos de Oliveira, a inauguração do posto de fiscalização no local deverá reduzir o índice de conflitos na área.


Funai pede ação do MPF

O administrador regional da Fundação Nacional Indígena (Funai) no Acre, Manoel Gomes da Silva, levou o caso sobre ameaças de morte na reserva dos Araras ao Ministério Público Federal (MPF). Manoel informou ainda que o caso foi levado a Brasília através de um documento formalizado por ele. "A Funai foi informada sobre o caso e já vem tomando as devidas providências para garantir segurança aos índios ameaçados de morte", disse o administrador.

Manoel Gomes lembrou ainda que é necessária uma conscientização das autoridades peruanas sobre a invasão de narcotraficantes peruanos. "As autoridades brasileiras vêm buscando uma solução para esses problemas, mas precisamos da colaboração das autoridades peruanas. Atualmente nós contamos com o apoio da Polícia Federal, do Exército, do Ibama, mas precisamos fiscalizar esses pontos com mais intensidade", finalizou Gomes.
PIB:Acre

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