Instalados no Parque Nacional do Descobrimento desde o dia 19, os pataxós garantem que vão resistir à polícia
"Só queremos esse pedaço de terra. Se a polícia vier nos tirar, vou dizer para todo mundo deitar no chão e mandar eles nos metralharem". As palavras são do cacique pataxó José Francisco Timborana, que desde o dia 19 lidera a invasão do Parque Nacional do Descobrimento, no município de Prado. São cerca de 50 famílias ocupando uma área que afirmam lhes pertencer.
Expulsos de suas terras na década de 70 por funcionários da empresa madeireira Brasil-Holanda, os pataxós reivindicam a conclusão dos estudos de demarcação das terras indígenas no extremo sul da Bahia. O estudo, encomendado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), está sendo realizado pela antropóloga Maria do Rosário.
O cacique afirma que só sai do parque depois de receber a resposta do estudo. Com um mapa da região em mãos, Timborana mostrou uma área de cinco mil hectares do parque que seria território indígena. Afirmou ainda que irá a Brasília conversar pessoalmente com o Ibama. "Não quero mais conversar com o pessoal do Ibama aqui da região, eles não conseguirão resolver nosso problema", disse o cacique. A antropóloga Maria do Rosário informou que ainda não foi possível concluir a pesquisa.
Segundo José Augusto Tosato, gerente executivo do Ibama no sul da Bahia, os índios entraram em área periférica e já degradada do parque e, por enquanto, não houve desmatamento.
Coordenador da Associação Nacional de Ação Indígena, o também antropólogo José Augusto Sampaio não soube informar a data de conclusão, mas extra-oficialmente disse que foi informado por um grupo de índios que acompanham o levantamento que as terras indígenas devem margear a área do parque.
Sampaio acredita que o grupo invasor sabe dessa informação e que só entrou no parque porque é uma forma segura de pressionar, sem ter que enfrentar os fazendeiros e pistoleiros da região.
LEVANTAMENTO - Waldir Farias Mesquita, administrador regional da Funai, afirmou que Maria do Rosário prometeu entregar o levantamento até o final deste mês e que só depois disso terá condições de tomar medidas mais objetivas. Quanto à invasão, afirmou que essa área é pleiteada há muito tempo pelos índios e que essa semana vai procurar o Ibama para encontrar uma alternativa que agrade aos dois lados. "Queremos evitar conflitos", garante.
Os conflitos envolvendo a população indígena e unidades de conservação são antigos na região. Na década de 80, parte do Parque Monte Pascoal foi transformada em terra indígena, que hoje circunda a área de conservação. Desde 2001, o parque é administrado em conjunto pelo Ibama e pelos pataxós
PIB:Leste
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